4º artigo (Creio): Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado;

Paixão de Cristo

 

Objetivos

Mostrar que Jesus sofreu tudo o que sofreu por amor a nós.

 

Preparação para o encontro

Bíblias;

 

Acolhida

Oração inicial: Pai Nosso

 

Diante de Jesus Crucificado, a gente se pergunta: por que tanto sofrimento?

Por que, para nos salvar, Ele teve de sofrer tanto e morrer numa cruz?

A resposta não é fácil. Estamos diante de um grande mistério. Só a fé pode nos iluminar. Jesus dando a sua Vida por nós, para o perdão de nossos pecados, nos deu a “maior prova de amor” – “dar a vida por seus amigos” (Jo 15,13).

 

Ver

Entre os grandes mistérios do amor de Jesus Cristo que os Evangelhos narram, o que mais fortemente aparece é a sua Paixão, sua Morte e Ressurreição. Os evangelistas vão nos contando a traição de Judas, o julgamento iníquo ante os tribunais, a flagelação e coroação de espinhos e a sentença de morte. Com a cruz às costas, vai Jesus a caminho do Calvário, onde é despojado de suas vestes, cravado na cruz e colocado entre ladrões. Depois de três horas de grandes dores e agonia, Cristo morre. Descido da cruz e entregue a sua Mãe, puseram Jesus no sepulcro.

 

- Por que Jesus Foi condenado? Quem o condenou à morte?

1º vamos entender...

- Como funcionava a sociedade no tempo de Jesus (leis, templo, religião)

No tempo de Jesus os habitantes da Palestina esperavam a chegada do Messias que libertaria o país das mãos dos Romanos (estrangeiros).

O povo vivia em estado de opressão e dominação (sobrecarga de impostos e taxas).

As leis serviam para submeter o povo à situação de dominação. Havia um sistema de exclusão do convívio social, de marginalização, muito bem montado.

O templo centralizava todo o esquema de opressão/exploração/dominação do poder romano.

O templo era:

- o centro do poder econômico; ali funcionava o Tesouro público;

- o centro do poder político; era a sede do Sinédrio(governo judeu);

- o centro religioso, onde o povo tinha a obrigação de ir para se purificar;

- o lugar onde se estabeleciam as diferenças sociais, de acordo com a riqueza e os cargos.
A classe dominante tinha o poder econômico, político e religioso. Ela impunha suas idéias ao povo, obrigando-o a se “purificar” constantemente.

A palestina era dividida em dois territórios: 1º a Judéia e a Samaria; 2º a Galiléia. Na Judéia e Samaria havia um Procurador Romano e um Sinédrio. Na Galiléia havia um Rei (Herodes). Ambos o territórios eram domínios do Imperador César.

Existiam grupos, partidos e movimentos: Saduceus, Herodianos, Escribas, Fariseus, Zelotes, Essênios, Publicanos, Samaritanos, Batistas...

 

Jesus se encontrava dentro dessa realidade de dominação romana, de partido, de movimentos... o povo era desprezado pelas autoridades, era explorado, oprimido, reprimido pelos soldados.

 

- Por que Jesus foi condenado?

A causa da condenação e morte de Jesus está justamente no fato de ele “inaugurar” entre os homens e a humanidade o Reino de Deus.

Condenaram Jesus porque ele:

- sendo homem se fez Deus. Agiu com autoridade divina;

- contestou a ordem social de exploração, opressão e marginalização;

- destruiu a ideologia do sistema de dominação;

- exerceu o poder-serviço;

- provocou revolução: na política, na religião, na economia, no sistema social, na sociedade.

Toda a vida de Jesus se caracteriza como serviço na libertação do povo.

Jesus é Deus agindo na história, nele Deus realiza seu plano de libertar e salvar a humanidade. 

Quem condenou Jesus?

Desde o início do ministério público de Jesus, fariseus e adeptos de Herodes, com sacerdotes e escribas, mancomunaram-se para matar Jesus. Em virtude de certos atos por Ele praticados: expulsões de demônios; perdão dos pecados; curas em dias de sábado... É acusado de blasfemo  e de falso profetismo, crimes religiosos que a Lei punia com a pena de morte sob forma de apedrejamento.

Alguns chefes de Israel acusaram Jesus de agir contra a Lei, contra o templo de Jerusalém e em particular contra a fé no Deus único, porque Ele se proclamava Filho de Deus. Por isso o entregaram a Pilatos, para que o condenasse à morte.

O verdadeiro conflito foi religioso, mas só o tribunal romano do procurador Pôncio Pilatos tinha condições legais para efetivar o julgamento capital. Então, Jesus é encaminhado para lá, mas sob outra acusação, capaz de sensibilizar o poder romano: subversão política (derrubar o sistema político): (subleva o povo: Lc 23,5; quem se faz rei declara-se contra César: Jo 19,12)

 

Iluminar

Questionário:

- Qual apóstolo traiu Jesus?( Mc 14,10)  Judas Iscariotes

- Quem condenou Jesus Cristo a ser crucificado?(Lc 23 1-25) Pôncio Pilatos, governador da Judéia, o qual tinha reconhecido sua inocência; mas cedeu vilmente às insistentes ameaças do povo de Jerusalém.

- Jesus Cristo poderia ter-se libertado das mãos dos judeus ou de Pilatos, porque não o fez? (Jo 10,18 e Jo 14, 31) Conhecendo que a vontade de seu Pai Eterno era que Ele padecesse e morresse por nossa salvação, submeteu-se voluntariamente, e até saiu ao encontro de seus inimigos, deixando-se espontaneamente prender e conduzir à morte.

- Onde foi crucificado Jesus Cristo? (Mc 15, 22) Jesus Cristo foi crucificado sobre o monte Calvário (chamado Gólgota, em hebraico).

- O que estava escrito na cruz? (Jo 19, 19) INRI, Jesus de Nazaré rei dos judeus.

- Que fez Jesus Cristo na Cruz? (Lc 23,33-34 e Jo 19, 26-30) Jesus Cristo na Cruz orou pelos seus inimigos, deu por Mãe ao discípulo São João, e na pessoa dele a nós todos, a sua mesma Mãe, Maria Santíssima; ofereceu a sua morte em sacrifício, e satisfez à justiça de Deus pelos pecados dos homens.

-Aconteceram prodígios quando da morte de Jesus? (Mt 27, 45-53) Sim, quando da morte de Jesus, obscureceu-se o sol, tremeu a terra, abriram-se algumas sepulturas, e muitos mortos ressuscitaram.

-Onde foi sepultado o corpo Jesus Cristo? (Mt 27, 57-61) O corpo de Jesus Cristo foi sepultado num túmulo novo, escavado na rocha do monte, pouco distante do lugar onde Ele fora crucificado.

- Na morte de Jesus Cristo, a divindade separou-se do corpo e da alma? (At 2, 27) Na morte de Jesus Cristo a divindade não se separou nem do corpo nem da alma; mas só a alma se separou do corpo.

-Por quem morreu Jesus Cristo?(1Jo 2,2) Jesus morreu pela salvação de todos os homens, e satisfez por todos.

- Para que morreu Jesus Cristo? (1 Pd 2, 21-25) Para nos salvar, quer dizer, para obter o perdão de nossos pecados e nos devolver a graça e a amizade com Deus, manifestando seu amor e mostrando a malícia do pecado.

 

Agir

Dar  graças a Deus por ter nos dado Jesus, que doou  sua vida a nós.

 

Celebrar

De mãos dadas agradecer a Deus pelo sacrifício de Jesus na Cruz, na certeza de sua vitória sobre o pecado e a morte.

Oração final: Credo Niceno-Constantinopolitano.

 


padeceu sob Pôncio Pilatos , foi crucificado, morto e sepultado,

> A voz do povo é a voz de Deus? Jesus realizou atos – como o perdão dos pecados – que o manifestaram como próprio Deus Salvador. Alguns judeus, não reconhecendo o Deus feito homem e vendo nele “um homem que se faz Deus”, julgaram-no blasfemo. Você gritaria para libertar Barrabás ou Jesus?

> Nossa salvação deriva da iniciativa de amor de Deus para conosco, pois “foi Ele quem nos amou e enviou seu Filho como vítima de expiação por nossos pecados” (1JO 4,10). “Foi Deus que em Cristo reconciliou o mundo consigo” (2COR 5,19)

 

A MORTE DE CRISTO

 

1 – Jesus Cristo padeceu sob Pôncio Pilatos

Com que acusações Jesus foi condenado?

Desde o início do ministério público de Jesus, fariseus e adeptos de Herodes, com sacerdotes e escribas, mancomunaram-se para matá-lo. Em virtude de certos atos por ele praticados: expulsões de demônios; perdão dos pecados; curas em dias de sábado... É acusado de blasfemo  e de falso profetismo, crimes religiosos que a Lei punia com a pena de morte sob forma de apedrejamento.

Alguns chefes de Israel acusaram Jesus de agir contra a Lei, contra o templo de Jerusalém e em particular contra a fé no Deus único, porque Ele se proclamava Filho de Deus. Por isso o entregaram a Pilatos, para que o condenasse à morte. Jesus não aboliu a Lei dada por Deus a Moisés no Sinai, mas a cumpriu com tal perfeição, que revela o seu sentido último e resgata as transgressões contra ela.

Jesus jamais contradisse a fé num Deus único, nem mesmo quando realizava a obra divina por excelência que cumpria as promessas messiânicas e o revelava igual a Deus: o perdão dos pecados.

O verdadeiro conflito foi religioso, mas só o tribunal romano do procurador Pôncio Pilatos tinha condições legais para efetivar o julgamento capital. Então, Jesus é encaminhado para lá, mas sob outra acusação, capaz de sensibilizar o poder romano: subversão política (derrubar o sistema político): (subleva o povo: Lc 23,5; quem se faz rei declara-se contra César: Jo 19,12)

Além de Jesus e de Maria, sua Mãe, um homem tem as honras do Credo: Pôncio Pilatos.

Governador na Judéia de 26 a 36, portanto, durante a vida pública de Jesus. Assim passou para nossa confissão de fé, o Credo como referência histórica concreta da vida e da morte do Senhor Jesus; “coisas realmente acontecidas” e não como “coisas imaginadas”.

Maria registra o seu nascimento. Pilatos registra a morte. Eles dão assim ao Cristo sua cronologia histórica.

 

2 – Jesus morreu crucificado

A morte de Jesus está no centro do Credo. É até o primeiro acontecimento a seguir ao Seu nascimento.

• O traidor é indicado: (Mt 26, 21-25; Mc 14, 18-21; Lc 22, 21-23; Jo 13, 21-30)

• A agonia no Getsêmani: (Mt 26, 36-46; Mc 14, 32-42; Lc 22,39-46).

• A traição e prisão: (Mt 26,14-16. 47-56; Mc 14, 43-52; Lc 22, 47-54; Jo 18, 1-12)

• A cura da orelha de Malco: (Lc 22, 50-51; Jo 18, 10)

Sexta-Feira Santa

• Julgamento perante Anás: (Jo 18, 13.24)

• Julgamento perante Caifás: (Mt 26,57.59-68; Mc 14,53.55-65; Lc 22, 66-71; Jo 18, 14.19-23)

• Pedro nega a Jesus: (Mt 26,58.69-75; Mc 14,66-72; Lc 22, 31-34.54-62; Jo 18, 25-27)

• Julgamento perante Pilatos: (Mt 27, 1-2.11-14; Mc 15, 1-5: Lc 23, 1-5; Jo 18, 28,32)

• Julgamento perante Herodes: (Lc 23, 6-12)

• Segundo julgamento perante Pilatos: (Mt 27,15-26; Mc 15, 6-15; Lc 23, 13-25; Jo 18,39- 40)

• O apelo da esposa de Pilatos: (Mt 27, 19)

• Jesus é escarnecido , flagelado (zombado, caçoado; torturado, castigado, açoitado): Mt 27, 27-31; Mc 15,16-20; Jo 19, 1-2).

• O suicídio de Judas; ( Mt 27, 3-10; At 1, 18-19)

• Jesus a caminho do Gólgota: (Mt 27, 31-33; Mc 15, 20-22; Lc 23, 26; Jo 19, 16-17)

• O pranto das mulheres: (23, 27-31)

• Dão lhe vinho com fel: (Mt 27, 34; Mc 15, 23)

• A Crucificação: (Mt 27, 35-38; Mc 15, 24-28; Lc 23, 33-38; Jo 19, 18-24)

• Os soldados lançam sorte sobre suas roupas: (Jo 19, 23-24)

• Os judeus o injuriam : (Mt 27, 39-43; Mc 15, 29-32; Lc 23, 35)

• As 7 palavras de Cristo na Cruz:

1a: “Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem” (Lc 23, 34)

2a: “Em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no Paraíso”.(Lc 23, 43)

3ª: “Mulher, eis o teu filho; Eis a tua mãe” (Jo 19, 26-27)

4a: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mt 27,46;Mc 15,34)

5a: “Tenho sede” (Jo 19, 28)

6a: “Tudo está consumado” (Jo 19, 30)

7a: “ Pai, em tuas mãos entrego meu espírito”. (Lc 23, 46).

• As trevas chegam, Jesus morre: (Mt 27, 46-51; Mc 15, 33-37; Lc 23, 44, 44-46; Jo 19, 28-30; 1 Cor 15, 3)

• O véu do templo rompe-se e os sepulcros se abrem: (Mt 27, 51-53; Mc 15, 38; Lc 23, 45

• A confissão do centurião: (Mt 27, 54; Mc 15, 39; Lc 23, 47)

• Jesus é tirado da cruz: (Mt 27, 57-58; Mc 15, 42-45; Lc 23, 50-53; Jo 19, 31-38)

“Foi crucificado”: a expressão deve ser tomada em seu sentido forte: a ignomínia (opróbrio: grande desonra pública; humilhação pública; desprezo) desta morte, é o paradoxo (contradição; desafia a opinião sabida por muitos) por excelência da confissão cristã. “O crucificado” tornara-se uma expressão corrente para designar Jesus. O cristão proclama que o crucificado é Senhor.

 

3 – Morto

Profecias sobre sua morte:

Seria traído por um amigo: Sl 41 (40), 10: cumprimento (Mt 26,14-16; Mc 14,10.43-46).

Seria vendido por 30 moedas de prata: Zc 11,12: cumprimento (Mt 26,15; 27,3).

Seria golpeado e cuspido: Is 50,6; cumprimento (Mc 14,65; 15,19).

Suas mãos e pés seriam trespassados: Sl 22(21), 17: cumprimento (Jo 19,37; 20, 25-27).

Dariam a ele vinagre: Sl 69(68), 22; cumprimento (Mt 27,48; Jo 19,29).

Os soldados lançariam sortes sobre suas roupas: Sl 22(21), 19; cumprimento (Mc 15,24; Jo 19,24).

Seus ossos não seriam quebrados: Sl 34(33), 21; cumprimento (Jo 19, 33.36).

O próprio Jesus reconheceu que em Sua morte cumpriria à Escritura: Mt 26, 54-56.

Sua morte não foi um acidente. Ele a anunciou aos discípulos para prevenir o escândalo que ela poderia causar entre eles (Mc 8,31; 9,31; Jo 12,33; 18,32)

Responsabilidade sobre a morte de Jesus:

Os judeus não são coletivamente responsáveis pela morte: Não se pode atribuir a responsabilidade ao conjunto dos judeus de Jerusalém, a despeito dos gritos de uma multidão manipulada (Mc 15,11). Não se pode também estender a responsabilidade aos outros judeus no espaço e no tempo, a partir do grito do povo (Mt 27,25).O povo todo, isto é, os presentes; o povo aceita a responsabilidade da condenação que reclama.

Todos os pecadores foram os autores da Paixão de Cristo: a Igreja não hesita em imputar aos cristãos a responsabilidade mais grave no suplício de Jesus, responsabilidade que com excessiva freqüência estes debitaram quase exclusivamente aos judeus.

Jesus aceita livremente sua Paixão e sua Morte por amor de seu Pai e dos homens (Jo 10,18).

Jesus morre na cruz: Lc 23, 44-46 (hora-sexta :12 horas; hora nona: 15 horas).

Significação, os efeitos da morte de Jesus:

a) Redenção: significado: a) pagar o preço do resgate. A doutrina da redenção significa que devido ao derramamento do sangue de Cristo, os crentes foram comprados, libertos da escravidão e postos em plena liberdade.

b) Uma reconciliação: Reconciliar significa mudar. A relação de Deus com o homem foi mudada, de modo que ele agora pode ser salvo. Reconciliação é o restabelecimento de uma amizade rompida. Pela Paixão de Cristo, nos foi aberta a porta do reino do céu. Acolhendo a palavra de Deus, os homens se deixam reconciliar com Deus.

c) Uma propiciação: Cristo é a propiciação (sacrifício, oferenda para conseguir perdão) ou satisfação pelos nossos pecados. Cristo foi a única oferta capaz de satisfazer a justiça de Deus com respeito ao pecado. Deus Pai tomou a iniciativa de nos salvar, entregando-nos o seu Filho como propiciação (= expiação) pelas nossas faltas. Em Rm 3,25, Jesus Cristo é dito “instrumento de propiciação ou propiciatório”. Esta expressão lembra a Arca da Aliança do AT: era recoberta por uma placa de ouro que em cada uma das suas extremidades tinha um querubim,

sustentáculo da presença divina (Ex 25,17-22). O propiciatório era tido como o lugar do encontro de Senhor com seu povo por meio de Moisés (Nm 7,89). Era o lugar santo por excelência donde Deus manifestava a sua vontade. Era o lugar mais sagrado do Santo dos Santos; somente o Sumo Sacerdote podia aproximar-se dele no Dia da Expiação. Estes dados esclarecem os dizeres de Paulo em Rm 3,25: Jesus Cristo é o lugar da reconciliação e o trono da misericórdia, que manifesta ao povo a salvação oferecida pelo Pai (2 Cor 5,19). Expiação supõe purificação interior eliminando o pecado. Refere-se à remoção do pecado pelo sacrifício que satisfaz a justiça de Deus. O pecado interrompe o relacionamento normal com Deus; a expiação remove o pecado e restaura o relacionamento. Pela expiação realiza-se novamente a comunhão entre Deus e o homem. A morte de Cristo é na realidade um sacrifício expiatório, sacrifício pelo pecado.

d) Uma substituição: Cristo morreu por nós pecadores (2Cor 5,21).

e) Uma prova do amor de Deus (Rm 5,8; 1Jo 4,10). Ao entregar seu Filho pelos nossos pecados, Deus manifesta que o seu desígnio sobre nós é um desígnio de amor benevolente que antecede a qualquer mérito nosso.

f) A morte de Cristo foi vitória sobre o pecado, a morte e o diabo: Conforme a Escritura, o pecado, a morte e o demônio eram os senhores deste mundo antes da vinda de Cristo (Rm 5,12- 19; Jo 12,31; 14,30; 1Jo 5,19; 2Cor. A tríplice vitória de Cristo sobre o pecado, a morte e o demônio trouxe ao mundo Paz (Rm 5,1). A mensagem de Cristo é essencialmente Paz (Ef 2,17; 6,15).

Característica da morte de Jesus:

A morte de Cristo foi uma morte verdadeira enquanto pois fim à sua existência humana terrestre. Mas devido à união que o seu corpo manteve com a pessoa do Filho, não estamos diante de um despojo mortal como os outros, pois a virtude divina preservou o corpo de Cristo da corrupção. “Não deixarás o teu santo ver a corrupção” (At 2,26-27).

A Ressurreição de Jesus “no terceiro dia” (1Cor 15,4; Lc 24,46), foi a prova disto, pois se pensava que a corrupção se manifestaria a partir do quarto dia (Jo 11,39).

Não se deve, porém crer que, quando Cristo morreu por nós, a Divindade também morreu.

Nele morreu a natureza humana: não morreu enquanto Deus, mas enquanto homem.

 

4 – Jesus Cristo foi sepultado

• A sepultura: (Mt 27, 59-61; Mc 15, 46-47; Lc 23, 53; Jo 19, 39-43; 1Cor 15,4)

• A guarda no sepulcro: ( Mt 27, 62-66)

A deposição no túmulo atesta, com efeito, a realidade da morte. No seu projeto de Salvação, Deus dispôs que seu Filho não somente “morresse pelos nossos pecados” (1 Cor 15,3) mas também que ele “provasse a morte”, isto é, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre sua alma e seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado do Cristo morto é o mistério do sepulcro e da descida a mansão dos mortos.

É o mistério do Sábado Santo em que o Cristo colocado no túmulo (Jo 19,42) manifesta o grande descanso sabático de Deus depois da realização da salvação dos homens, que coloca em paz o universo inteiro.

 

5 – Nenhum exemplo de virtude deixa de estar presente na cruz

A Paixão de Cristo foi útil porque ela nos serviu de exemplo. Como disse S.Agostinho: “A Paixão de Cristo é suficiente para ser o modelo de toda a nossa vida.” Quem quer que queira ser perfeito na vida, nada mais é necessário fazer senão desprezar o que Cristo desprezou na cruz, e desejar o que nela Ela desejou.

Se nela buscas um exemplo de caridade, - “ninguém tem maior caridade do que aquele que dá sua vida pelos amigos”. (Jo 15,13). Ora, foi o que Cristo fez na cruz. Por isso, já que Cristo entregou a sua vida por nós, não nos deve ser pesado suportar toda espécie de males por amor a Ele.

“O que retribuirei ao Senhor, por todas as coisas que ele me deu?” (Sl 116 (114-115),12).

Se procurar na cruz um exemplo de paciência, nela encontrarás uma imensa paciência. A paciência manifesta-se extraordinária de dois modos: ou quando alguém suporta grandes males pacientemente, ou quando suporta aquilo que poderia ser evitado e não quis evitar. Cristo na cruz suportou grandes sofrimentos. Ver 1 Pd 2,23. Cristo na Cruz suportou também os males que poderia ter evitado, mas não os evitou (Mt 26,53). Realmente, a paciência de Cristo na cruz foi imensa.

Se desejares ver na cruz um exemplo de humildade, basta-te olhar para o crucifico. Deus quis ser julgado sob Pôncio Pilatos e morrer. “Humilhou-se e foi obediente até à morte”. (Fl 2,8).

Se queres na cruz um exemplo de obediência, seque Aquele que se fez obediente ao Pai, até à morte: Rm 5,19.

Se na cruz estás procurando um exemplo de desprezo das coisas terrenas, seque Aquele que é o Rei e o Senhor dos Senhores, no qual estão os tesouros da sabedoria, mas que na cruz aparece nu, ridicularizado, escarrado, flagelado, coroado de espinhos, na sede saciado com fel e vinagre, e morto. Não de deves apegar às vestes e às riquezas, “porque dividiram entre si as minhas vestes” (Sl 22(21),19). Comentando Hb 12,2, S.Agostinho nos diz: “O homem Cristo Jesus, desprezou todos os bens terrenos, para mostrar que devem ser desprezados”.

A cruz não é a exaltação do sofrimento, da fraqueza. É a exaltação do que pode converter o sofrimento e a fraqueza em capacidade de amar. É o amor que vive até a morte.

 “E Jesus, dando um grande grito, expirou”. O grito de Jesus na Cruz é um grito de parto. Naquele momento nascia um mundo novo. Era destruído o grande “diafragma” (“que separa; que divide”) do pecado e a reconciliação se operava. Foi portanto, um grito de sofrimento e simultaneamente de amor. Nascemos naquele grito. O grito de Jesus na Cruz é o grito de alguém que morre dando à luz uma vida.