Bíblia – Antigo Testamento

 

 

Objetivos

Estimular o conhecimento da proposta do amor de Deus através da aproximação e da leitura da Bíblia.

Refletir sobre a importância da Bíblia no dia a dia do cristão.

 

Preparação para o encontro

Colocar no centro, em destaque, a Bíblia, e em torno dela vários dos símbolos sugeridos a seguir: vela acesa, jornal recente, pão, lâmpada, água, mapa, álbum de fotos, presente, cartaz sugerindo chuva e/ou sol, semente ... Podem ser utilizados apenas os símbolos, ou, associados a qualquer outro “caminho” proposto.

 

Acolhida

Oração inicial: Oração da Bíblia.

 

Ver

Você tem o costume de ler a Bíblia?

- Hoje teremos oportunidade de conhecê-la melhor.

- Dividir a turma em grupos para que observem e anotem as dúvidas que eles têm sobre a Bíblia.

- Direcionar o encontro a partir das dúvidas do grupo.

 

QUE É A BÍBLIA?

Os cristãos colocaram os fundamentos de sua fé na revelação de Deus ao antigo Povo hebraico. Esta revelação teve a sua plenitude em Jesus Cristo.

Esta grande experiência hist6rico-religiosa se encontra no Livro da Bíblia. Mas, a Bíblia e mais do que um L1vro: e uma coleção de Livros.

Bíblia é uma palavra grega, é um substantivo plural que quer dizer: Livros. Ela contém 73 livros sendo que: 46 livros são do Antigo Testamento e 27 livros do Novo Testamento.

ANTIGO TESTAMENTO (AT)

Fala da História do Povo que Deus escolheu para fazer com Ele uma Aliança, antes do nascimento de Jesus. É composto por 46 livros.

O AT mostra como surgiu esse povo, como viveu na escravidão no Egito, como possuiu uma terra, como foi governado, quais as relações que teve com os outros povos e nações, como organizou as suas leis e como viveu a sua religião. Apresenta seus costumes, sua cultura, seus conflitos, derrotas e esperanças.

O AT mostra, também, como esse povo se comportou em relação à Aliança com Javé, o seu Deus, e qual foi o Projeto que Deus quis realizar no meio da humanidade, através desse povo.

Israel foi um povo escolhido, porque foi escolhido para realizar o Projeto de Deus.

O AT é para os cristãos como um documento de fé para conhecer melhor a Deus e tudo aquilo que Ele falou e fez pela humanidade. o AT é um documento antigo - uma Antiga Aliança.

Antigo Testamento

Vai desde a criação até a vinda de Cristo, ressaltando:
• A criação do mundo.
• A escolha de um povo.

 

Iluminar

De acordo com o tamanho do grupo escolher algumas frases em faixas, transformá-las em um quebra-cabeça e dar a cada grupo um envelope com o quebra-cabeça.

Pedir para o grupo montar a frase, discuti-la e apresentá-la a todos os participantes..

Sugestões de frases para o quebra-cabeça:

a) Bíblia, história de um povo vivida e escrita em mutirão.

b) Bíblia é a história de um povo que encontrou Deus e como Deus conduziu o seu povo.

c) A Bíblia é uma espécie de Biblioteca. Contém 73 livros diferentes.

d) A Bíblia está em função da vida.

e) O fio condutor da Bíblia é a Aliança: pacto de amor entre Deus e seu povo.

f) A Bíblia é a palavra que nos faz olhar a realidade, escutar o clamor do povo, arder o coração para amar a Deus e ao próximo.

 

Leitura do Livro de Isaías
 

Eis o que diz o Senhor:
"Assim como a chuva e a neve que descem do céu
não voltam para lá sem terem regado a terra,
sem a terem fecundado e feito produzir,
para que dê a semente ao semeador e o pão para comer,
assim a palavra que sai da minha boca
não volta sem ter produzido o seu efeito,
sem ter cumprido a minha vontade,
sem ter realizado a sua missão".

Is 55, 10-11

 

Agir

Assumir com o grupo o compromisso de lerem um trecho da Bíblia todos os dias.

 

Celebrar

- Organizar uma pequena Celebração da Palavra de Deus

- Trazer uma bíblia grande, fazer a entrada com ela, colocar em lugar de destaque.

- Cantar um canto sobre a bíblia e ler um texto bíblico e, em seguida pedir que cada catequizando beije a bíblia em sinal de respeito.

 

 


INTRODUÇÃO GERAL À BÍBLIA

 

O termo “bíblia” vem da expressão grega ta bíblia, “os livros”. Os antigos autores cristãos denominaram Bíblia o conjunto das até então denominadas Sagradas Escrituras.

A Bíblia hebraica compreende 39 livros, escritos antes de Cristo, sendo subdividida em três seções. Torah ou Lei: compreende os primeiros cinco livros, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Profetas anteriores: compreende os livros de Josué, Juízes, 1-2 Samuel e 1-2 Reis. Profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e doze profetas menores, isto é, de Oseias e Malaquias. Escritos: Salmos, Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Qoelet (Eclesiastes), Ester, Daniel, Esdras, Neemias, 1-2 Crônicas.

Há diferenças entre as Bíblias católicas e evangélicas. As católicas trazem 46 livros para o Antigo Testamento, tomando como ponto de referência a antiga versão grega denominada “Setenta”. As Bíblias evangélicas acolhem apenas os 39 livros da Bíblia hebraica. Quanto ao Novo Testamento, tanto as Bíblias evangélicas quanto as católicas possuem 27 livros.

Nas Bíblias católicas, portanto há 73 livros: Antigo Testamento (46 livros); Novo Testamento (27 livros).

 

Canonicidade

A Bíblia cristã, inicialmente, não estava organizada em um único livro. Antes de chegar à sua forma atual, um só volume, foi necessário um discernimento levado a cabo pela Igreja. Tal apreciação não foi arbitrária, mas resultado de um longo processo de amadurecimento teológico e espiritual conduzido pelo Espírito Santo.

Os livros que compõem a Bíblia não foram recolhidos casualmente. Houve um longo processo de maturação e de verificações, não sem muitas incertezas e dúvidas. O resultado desse criterioso processo seletivo levou as comunidades hebraicas e cristãs a optarem pelos livros assim considerados “textos sagrados e inspirados por Deus”. Assim, o que se denomina “Cânon bíblico” é o elenco oficial dos textos bíblicos. O substantivo Kanòn provém da língua grega e significa “regra, norma, limite”. Distinguem-se os Cânones do AT e os do NT.

 

Cânon do AT

Os 39 livros da Bíblia hebraica, reconhecidos pelos judeus e pelas igrejas da Reforma, fazem parte de um cânon hebraico que data cerca do século II a.C. Sua formação é progressiva: os primeiros textos a obterem reconhecimento oficial foram aqueles da Torah, na época imediatamente posterior ao exílio (séc. VI a.C.); na sequência vêm os textos dos Profetas (séc.IV a.C.); mais tarde, no séc.II, os Escritos.

A necessidade de uma lista oficial surge, dentre outros motivos, a causa da difusão da versão grega conhecida como Setenta (LXX). Tal lista inclui outros sete livros: Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Sirácida (Eclesiástico) e Baruc. Essa versão foi adotada pelas primeiras comunidades cristãs e os sete livros foram desde então chamados “deuterocanônicos” (do segundo cânon).

 

Cânon do NT

Os 27 livros do NT têm uma história ainda mais complexa que os do AT. Na lista de Santo Irineu, uma das mais antigas que se conhece (180 d.C.), estão ausentes a carta de Tiago, 1 Pedro, 2 João. Os 27 livros são reconhecidos no seu conjunto apenas no ano 367 d.C., em uma carta de Atanásio, Padre e Doutor da Igreja. O elenco oficial de todos os livros bíblicos foi confirmado em definitivo nos Concílios de Florença (1431) e de Trento (1546). Os Concílios Vaticano I e II tomaram como suas as declarações de Trento a esse respeito.

O critério principal utilizado para receber os livros sagrados no cânon é a REVELAÇÃO, feita pelo Espírito Santo, e a transmissão, pela Tradição apostólica. Quanto aos livros do AT, Jesus e os apóstolos desempenharam papel de primeira importância pelo emprego habitual desses livros. Os livros do AT passaram de Jesus e dos apóstolos à Igreja primitiva. No que diz respeito aos livros do NT, o critério decisivo para determinar a canonicidade foi o fato de terem sido escritos pelos apóstolos e/ou pessoas ligadas a eles. Podemos acrescentar ainda outros dois importantes critérios: o uso litúrgico antigo e generalizado e a ortodoxia na doutrina.

 


 

Inspiração Bíblica

O estudo constata que os livros bíblicos não foram escritos ao mesmo tempo nem no mesmo local. Cada um tem uma história, um complexo trabalho editorial, em muitos casos precedido de tradições orais de longa data.

O conteúdo que encontramos na Bíblia é amplo, pois abrange séculos. Ela expressa, por meio de textos escritos, recordações, vicissitudes do povo de Israel, pregação dos profetas, oração do povo, reflexão de sábios, palavras de Jesus, partes significativas de acontecimentos por ele protagonizados e posteriores reflexões da comunidade de fé.

Até o século XVI a fé na “inspiração dos livros sagrados” era inquestionável; os livros da Bíblia eram considerados sagrados por serem inspirados por Deus, sem necessidade de discussão. Desse modo, a Bíblia era considerada absoluta, tanto no campo religioso quanto no civil.

Contudo, com o avanço das ciências, dos conhecimentos históricos, com a psicologia religiosa, a crítica literária, a arqueologia, a sociologia etc., tornou-se urgente repensar certas afirmações bíblicas. A questão passou a ser: como conciliar a afirmação tradicional a respeito da Bíblia como obra escrita sob inspiração divina e ao mesmo tempo aceitar as conclusões das novas ciências?   A partir daí teólogos passaram a aprofundar os estudos da natureza do carisma da Inspiração , sob o qual os livros bíblicos foram elaborados.

Atualmente, há entre os teólogos um consenso segundo o qual Deus não ditou os textos aos autores sagrados, como faria um chefe a sua secretária. Cada autor conserva sua identidade, características, não apenas pessoais, mas também do grupo ou comunidade de que faz parte.

Cada um dos textos bíblicos indiscutivelmente faz uma reflexão, uma interpretação humana, mas ao mesmo tempo é também inspiração do Espírito Santo de Deus; eis por que seu conteúdo é “inspirado”. A Bíblia é Palavra de Deus, porém, expressa em linguagem humana.

O conceito cristão de “inspiração” concerne à Escritura no seu conjunto. No caso da Bíblia hebraica alguns livros gozam de autoridade diferenciada, a saber: o rolo dos livros do Pentateuco (Torah) tem valor superior aos textos sapienciais, pouco utilizados nas celebrações realizadas nas sinagogas.

A sabedoria, a vivência humana e a ação do Espírito Santo atuam juntas; não apenas no passado, quando cada um dos livros foi redigido, mas continuamente, infundindo uma sabedoria inspirada, não apenas no autor de cada livro bíblico, mas também no leitor atual. É por isso que se considera a palavra da Sagrada Escritura como viva e eficaz.

 

Gêneros literários

A mensagem da salvação, da qual a Bíblia se faz porta-voz, vem proposta e expressa nos textos sob variadas formas: indo de relatos históricos a textos poéticos, de cânticos de vitória a lamentações proféticas, de textos jurídicos a hinos litúrgicos, das parábolas às genealogias, de trechos dogmáticos a exortações fraternas.

Essas diversas “técnicas” expressivas são chamadas pelos estudiosos de gêneros literários. Trata-se de antigas formas lingüísticas ligadas às diferentes maneiras de informar; os cânticos de vitória; os códigos legais. Fazendo uma classificação sumária, podemos distinguir dois grandes gêneros literários: poesia e prosa. Dentre eles, são classificados outros gêneros menores.

Textos em poesia. Dentre eles, distinguem-se os poemas de amor (por exemplo, o Cântico dos Cânticos), as bênçãos, os cânticos de agradecimento, as súplicas, as lamentações, os hinos de louvor, os oráculos proféticos. Cada gênero adota uma linguagem específica a ser decifrada à luz do contexto específico: um trecho poético apresentado no Cântico dos Cânticos é diferente de uma lamentação profética. A este gênero pertence também a literatura sapiencial, cujo objetivo é transmitir às gerações futuras a reflexão e a experiência dos sábios. É expressa por adágios, ditos populares, sentenças, poemas temáticos, pequenos tratados.

Textos em prosa. A classificação dos textos em prosa é mais ampla e complexa. Encontramos documentos de caráter histórico, como os anais; as crônicas; as genealogias; os evangelhos; narrações didáticas, como as parábolas; as cartas, como as de Paulo, Pedro, Tiago, João, Judas; tratados teológicos; os relatos de milagre; os relatos da infância e os discursos proféticos, nos quais mensagens singulares, em nome de Deus, remetem a destinatários precisos com alocuções, vaticínios, palavras fortes.

 


 

A importância dos gêneros literários.

Cada gênero literário comunica uma mensagem precisa. É quando o ato de escrever torna-se uma arte. O tema pode ser o mesmo, ou seja, um assunto pode ser tratado por um filósofo, um poeta, um historiador, um cientista. Cada uma dessas áreas aborda um mesmo tema com linguagem específica, recortando-o a seu modo, conferindo a ele uma característica particular.

A escolha do gênero literário produz efeitos específicos, pois, por exemplo, exprimir um juízo em forma categórica é muito diferente de fazê-lo por meio de uma simples sugestão, ou ainda expressando uma opinião pessoal.

Jesus enfrentou o tema da incredulidade com uma reprovação direta e o fez também por meio de uma parábola e de ensinamento: o conteúdo é o mesmo, mas muda a modalidade expressiva e isso identifica a relação entre Jesus e quem o escuta.

Enfim, a escolha do gênero literário é ligada também aos elementos do conteúdo que se deseja sublinhar: em uma fábula, por exemplo, á a conclusão moral que vem proposta ao leitor, enquanto o restante é apenas um veículo para esta última; em um relato histórico o mais importante é o fato em si.

Os gêneros literários não podem ser ignorados no aprendizado da arte da escritura e de sua leitura.

Para descobrir a intenção dos hagiógrafos, devem-se levar em conta, entre outras coisas, também os gêneros literários. Pois a verdade é apresentada e expressa de maneiras diferentes nos textos que são de vários modos históricos, proféticos ou poéticos, ou nos demais gêneros de expressão (Dei Verbum 12).

 

Mensagem bíblica

“Desconhecer a Sagrada Escritura é desconhecer a Jesus Cristo” (São Jerônimo). Cristo á a palavra encarnada. Toda a Bíblia fala da salvação, mas só em Cristo essa esperança se fez carne. A Sagrada Escritura é revelação divina, mas também é pergunta inquietante ao homem.

Logo no início da Bíblia nos deparamos com a pergunta de Deus-Pai: Adão onde estás? (cf. Gn 3,9). Na última página da Bíblia encontramos a oração na qual Cristo diz: Eis que venho em breve! (Ap 22,7). Entre esses dois extremos se desenvolve um longo caminho de uma humanidade que toma, progressivamente, consciência do amor de Deus. Nesse percurso podemos identificar três etapas principais.

A primeira é dominada pela pergunta de Deus. Tal pergunta envolve todo o Antigo Testamento, sublinhando a incansável busca do ser humano por parte de Deus. Deus convoca pessoas (Abraão, Isaac, Jacó); adota um povo inteiro; esse povo se revela incapaz de ser-lhe fiel; Deus então envia profetas para que denunciem com palavras e com a vida as incoerências do povo e o ajude a reencontrar os horizontes que reserva a todos os seus filhos.

Na segunda etapa, a pergunta de Deus (onde estás?) encontra sua expressão mais radical na vida de Jesus de Nazaré. Nele é o próprio Deus que se faz ser humano padecendo nossas limitações. E o faz na condição de servo: Jesus se despoja de tudo e é elevado desnudo à cruz. No Gólgota, contemplamos um Deus totalmente desarmado, abraçando toda a humanidade, estendendo a ela adynamis (poder, milagre) da ressurreição.

A terceira etapa é, enfim, vivida pela humanidade renovada. Humanidade que vive e comunica o amor de Deus. Paulo, Pedro, Tiago, João, com os seus escritos, exprimem o eco de uma boa nova que enfrenta todos os obstáculos para alcançar todos os povos da Terra.

A história da salvação perpassa páginas luminosas, mas também obscuras; personagens exemplares aparecem ao lado de outros, de caráter duvidoso. Enfim, apresenta vicissitudes humanas nas quais ganham vida a paixão e a ternura de um Deus que é incansável na tarefa de buscar o ser humano.

Fonte: Bíblia Sagrada-Edição de estudos-Ed. Ave Maria. 2011