O Sonho da Eucaristia

 

HOMILIA DE J.B. LIBANIO – 23.06.2011

PARÓQUIA N.S. DE LOURDES - VESPASIANO (MG)

Jo 6, 51-58

"Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue pela vida do mundo". Os judeus discutiam entre si: "Como é que ele pode dar a sua carne a comer?" Jesus disse: "Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por meio do Pai, assim aquele que de mim se alimenta viverá por meio de mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram - e no entanto morreram. Quem se alimenta com este pão viverá para sempre".

           

Festa do corpo de Cristo, festa do corpo de Jesus! Hoje, vou comparar a eucaristia a uma cascata que cai em três níveis: ela cai, depois continua reta, cai novamente, segue reta por um determinado trecho e, então, cai uma outra vez. Assim, a eucaristia tem três momentos diferentes, que formam a beleza do sacramento.

            O primeiro momento é aquilo que Jesus quis de imediato com a eucaristia: que nos reuníssemos e nos lembrássemos dele, construindo, assim, uma comunidade. É o que fazemos aqui. Nós não estamos isolados num quarto, sozinhos, nos lembrando de Jesus, mas fazemos uma comunidade que celebra a sua memória. Para isso, Ele escolheu dois sinais para nos unir. Nós sempre precisamos deles. Por exemplo, as famílias, aos domingos, se reúnem para um churrasco, um almoço, que são a desculpa para que filhos, netos e amigos se encontrem. Também Jesus escolheu dois sinais bem simples: o pão ázimo e um pouquinho de vinho, não para que o adoremos, mas para que nos reunamos, como comunidade, em torno de sua lembrança.

            O segundo momento é para que, ao nos recordarmos dele, participando do pão e do vinho, que é a sua presença real, o Espírito Santo nos transforme numa comunidade em função dos outros. É para fora. Ele quer que testemunhemos amor, bondade, compreensão, cuidado, em função daquele que precisa de nós. Recebemos o Senhor na eucaristia para sermos para os outros. Não o recebemos para tê-lo conosco, muito bem guardado em nossa vida. Ele vem a nós para que nós cheguemos aos outros, para que acolhamos com bondade, sejamos compreensivos e nos tornemos um só corpo, um só espírito, uma só comunidade. Recebemos a eucarístia para transmiti-la, para sermos para o outro, para partilhar e participar. Se seguíssemos isso, não haveria fome nem pobreza. Todos seriam respeitados e amados. Esse era o sonho de Jesus, o sonho da eucaristia! Se comungarmos e a vida não melhorar, nunca passaremos do primeiro degrau.

            O terceiro momento é o que vivemos agora. Uma vez que Ele está em nosso meio, nós podemos adorá-lo, fazer visitas ao Santíssimo, levar a comunhão aos enfermos. Não é o mais importante, mas faz parte da cascata, que não pode ser deixado de lado. O que não podemos é inverter a ordem. Não podemos nos contentar apenas com a adoração de Jesus sem partilhar nada, sem ter comunidade. Precisamos celebrar a eucaristia para nos lembrarmos de Jesus, segui-lo, testemunhá-lo aos outros, até que toda a comunidade seja inundada por milhões de sacrários pelo mundo afora.

            Que o Senhor nos ilumine neste dia da eucaristia: lembrar, seguir e adorar a Jesus. Amém. (Festa de Corpus Christi)

 

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