Matrimônio e Ordem

 

Sacramentos de serviço: Matrimônio e Ordem

 

Objetivos

Levar o catequizando a:

- Descobrir que Deus nos chama a servir ao seu projeto de diferentes formas.

- Perceber que o Sacramento da Ordem confere ao Sacerdote a missão de ser pastor de nossa Igreja, por meio do ensinamento, da presidência do culto divino e do governo pastoral.

- Perceber que o sacramento do matrimônio é o sacramento do amor.

 

Preparação para o encontro

- Bíblias.

 

Acolhida

Invocação à Santíssima Trindade.

Oração inicial: Pai Nosso.

 

Ver

Os Sacramentos do Serviço da Comunhão

O Batismo, a Confirmação e a Eucaristia são os sacramentos da iniciação cristã. São a base da vocação comum de todos os discípulos de Cristo, vocação à santidade e à missão de evangelizar o mundo. Conferem as graças necessárias à vida segundo o Espírito nesta vida de peregrinos a caminho da Pátria.
Dois outros, o Sacramento da Ordem e o Sacramento do Matrimônio, estão ordenados à salvação de outrem. Se contribuem também para a salvação pessoal, isso acontece por meio do serviço aos outros. Conferem uma missão particular na Igreja e servem para a edificação do Povo de Deus.
Nesses sacramentos, os que já foram consagrados pelo Batismo e pala Confirmação para o sacerdócio comum de todos os fiéis podem receber consagrações específicas. Os que recebem o sacramento da Ordem são consagrados para ser, em nome de Cristo, pela palavra e pela graça de Deus, os pastores da Igreja. Por sua vez, os esposos cristãos, para cumprir dignamente os deveres de seu estado, são fortalecidos e como que consagrados por um sacramento especial.

 

Iluminar

Veja alguns exemplos do que Deus tem para nos dizer sobre os Sacramentos do Matrimônio e da Ordem nas sagradas escrituras.

Leituras Bíblicas - Matrimônio
Gn 2,18-24: O casamento é a fusão íntima de dois seres
Ct 2,10,14-16; 8, 6-7: O amor traz felicidade e ajuda a vencer todas as barreiras.
1Cor 6,12-20: Homem e mulher vivem para o Senhor.
1Cor 13,1-8: As qualidades do amor.
Mt 19,3-9: O casal é um mistério de Deus-Amor.
Mt 7,24-27: A casa do amor deve ser sólida.
 

UM FATO QUE FAZ PENSAR

“Falava uns dias atrás com um amigo, um pouco mais velho do que eu. Na conversa, apareceram coisas de quando éramos pequenos. Um pouco emocionado me disse: Ainda recordo quando, sendo criança, minha mãe dava-me um beijo antes de dormir, depois de ajudar-me a rezar as orações da noite. Eu vivia contente e feliz por sentir-me amado por minha mãe. Meu pai também tinha detalhes que me agradavam muito. No inverno, junto ao fogo, sentava-me em seu colo. Então, contava-me muitas coisas de suas viagens, de quando era jovem e o quanto teve que trabalhar para levar adiante sua vida. Recordo aqueles momentos com muitas saudades. Ficava esperando meu pai voltar do trabalho, com a expectativa de que me contasse muitas histórias...

E como estão seus pais, agora?, perguntei-lhe. Estão muito velhos, me disse. Minha mãe está bem doente, já não se levanta mais da cama. Os dois vivem comigo. Meu pai, quando estou no trabalho, cuida dela com todo o amor e carinho”.

 

O amor destes pais para com seu filho, e os detalhes de amor que tinham entre si, nos faz pensar na grandeza do sacramento do Matrimônio. Sabemos agradecer o que nossos pais fazem ou já fizeram por nós? Nós os ajudamos em suas necessidades? Procuramos tornar a vida mais agradável para eles? Lembramos de rezar por eles todos os dias?


"No mais íntimo de seu mistério, Deus não é uma solidão, mas uma família" (João Paulo II)
 

Leituras Bíblicas - Ordem
1Cor 12,12-31: A vocação pastoral pertence a uma comunidade.

 

Agir

Cada um tem sua vocação. Você já pensou na sua?
Apesar de todos concordarem com a carência de religiosos, quando aparece alguém com vocação religiosa em nosso meio, a sociedade é a primeira a reprimir. Se alguém próximo de você manifestar a vocação para a vida religiosa qual será a sua posição? E se o vocacionado for você, a vocação será reprimida ou você vai se deixar levar pelo chamado de Deus?

 

Celebrar

Oração final: Ave-Maria

 


Sacramentos de Seviço

 

Matrimônio e Ordem são os Sacramentos do serviço. Existem muitas formas de servir a Deus, duas delas são abençoadas com sacramentos. Os que optarem por uma vida a dois são abençoados com o matrimônio, os que preferirem dedicar-se inteiramente a Deus recebem o sacramento da ordem. E ainda existem aqueles que não são vocacionados nem para o casamento nem para a vida religiosa, estes podem viver uma vida santa como cristãos solteiros.
 

O SACRAMENTO DA ORDEM: SINAL DO BOM PASTOR E DO SEU AMOR TOTAL E INDIVISO

 

A Ordem é a dedicação. Todo dia precisamos de ajuda de outras pessoas para viver com a gente, orientar, mostrar o caminho. Essas pessoas nos ajudam a alimentar a fé, acreditar na esperança, esperar na fraternidade. Tem gente que se dedica a esse serviço. Vive para isso. O Padre é um exemplo. Dedicação por excelência, só a que Deus tem por nós. Deus se dedica tanto que chegou a confiar seu próprio filho a nós, a aceitar que ele morresse por nós. Tem gente que consagra a vida para mostrar aos irmãos esse grande amor de Deus. No sacramento da Ordem, quando o bispo impõe as mãos sobre um rapaz dedicado ao serviço dos irmãos, enxergamos a grande dedicação de Deus a nós.

O termo “ordem”, na Antiguidade romana, designava corpos constituídos no sentido civil, sobretudo o corpo do que governam. Na Igreja, há corpos constituídos que a Tradição, não sem fundamento na Sagrada Escritura, chama, desde os tempos primitivos de taxeis (grego) ou “ordines” (latim). Na Sagrada Liturgia encontramos referências ao “ordo episcoporum” (ordem dos Bispos), “ordo presbyterorum” (ordem dos presbíteros), “ordo diaconorum” (ordem dos diáconos” etc. A integração de uma pessoa em uma ordem se dá através de um rito chamado ordinatio.

Com o recebimento do Sacramento da Ordem, o ordinando fica investido de um “poder sagrado”. A ordenação é também chamada “consecratio” (consagração). A imposição das mãos do Bispo, com a oração consecratória, constitui o sinal visível do Sacramento. Sobre isso falou S. Paulo a Timóteo: “Eu te exorto a que faças reviver a graça de Deus, que em ti está, pela imposição das minhas mãos, pois que Deus não nos deu o espírito de temor, mas o que força, de amor e sobriedade” (2Tm 1,6-7).

Somente através do Sacramento da Ordem é que na Igreja são constituídos os seus ministros.

Se alguém disser que não há no Novo Testamento um sacerdócio visível e externo ou não existe um poder de consagrar e oferecer o verdadeiro corpo e sangue do Senhor e de perdoar os pecados e retê-los, mas só a função e o simples ministério de pregar o Evangelho; ou que os que não pregam absolutamente não são sacerdotes: seja anátema. (Conc. Trento XXIII, I. Denzinger 1771).

A Ordem é o sacramento que torna visível a missão confiada por Cristo, a mesma que ele confiou aos seus Apóstolos. A ordem é, portanto, o sacramento do ministério apostólico. Comporta três graus: o episcopado (bispo), o presbiterado (padre) e o diaconato (diácono). Estes são os ministérios ordenados na Igreja, porque imprimem um caráter indelével (que não se apaga mais).

Além da Vocação ao ministério ordenado na Igreja temos outras vocações, seja assumindo uma vida de leigo (a) atuante na Igreja, casado ou solteiro ou na vida consagrado (a).

Na Sagrada Escritura, podemos ver os inúmeros chamados de Jesus: "Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto do pagamento das taxas, Disse-lhes: 'Segue-me'. O homem levantou-se e o seguiu" (Mt 9,9). Através da leitura acima, podemos perceber que Jesus com uma só palavra consegue levar Mateus, um homem pagão e rico, ao seu seguimento.

É um homem como nós, sujeito a fraquezas, porém separado dos demais para o exercício da doação de Deus aos homens. 

A vida sacerdotal é um dom de Deus, como o próprio nome diz (sacer = sagrado; dócio = Dom). A missão do sacerdote é ser uma "seta sinalizadora", ou seja, o sacerdote deve indicar ao povo o caminho à Cristo.

Sacerdote é o dispensador do amor de Deus aos homens.

É chamado de Pontífice = ponte - artífice: construtor de pontes; pontes que ligam o Céu à Terra; os homens à Deus; o eterno ao temporal; o pecado à misericórdia.

Na sucessão dos apóstolos são os diáconos, padres e bispos, chamados a dar continuidade à missão de Jesus juntamente com todo o rebanho que lhes foi confiado. O padre e o bispo foram chamados a participar do sacerdócio ministerial de Jesus Cristo, mas todos nós participamos do sacerdócio real de Jesus pelo batismo. Não devemos temer o chamado que Ele nos faz a cada dia, para segui-lo, anunciá-lo e testemunhá-lo aos irmãos. Precisamos também pela oração suplicar ao Senhor que envie operários para a sua Messe, como o próprio Senhor nos admoestou (cf. Lc 10,2; Mt 9,37s)

 

IDÉIAS PRINCIPAIS:

1. Todos os cristãos participam, de maneira distinta, do único sacerdócio de Cristo.

Jesus Cristo – verdadeiro e supremo sacerdote da Nova Aliança – nos reconciliou com Deus por meio do sacrifício da cruz, sendo sacerdote e vítima. Mas, tendo de continuar o sacrifício, o Senhor quis comunicar à Igreja uma participação de seu sacerdócio, que se alcança mediante o sacramento da Ordem. Esta participação singular se conhece como sacerdócio ministerial, que capacita para atuar na pessoa de Cristo, Cabeça da Igreja: os bispos e os presbíteros.

Mas é preciso dizer que a Igreja inteira, fundada por Cristo, é um povo sacerdotal, de modo que – pelo batismo – todos os fiéis participam do sacerdócio de Cristo. Esta outra participação chama-se sacerdócio comum dos fiéis.

2. O sacerdócio comum e o ministerial são essencialmente diversos

O sacerdócio ministerial difere essencialmente, não só em grau, do sacerdócio comum dos fiéis, porque confere um poder sagrado para o serviço dos irmãos. Os que receberam o sacramento da Ordem são ministros de Cristo, instrumentos através dos quais Ele se serve para continuar no mundo sua obra de salvação. Tal obra é levada adiante por meio do ensino (missão profética), do culto divino (missão sacerdotal) e do governo pastoral (missão real).

3. Fundamentos do sacramento

Cristo escolheu seus Apóstolos e na última Ceia instituiu o sacerdócio da Nova Aliança.

Toda celebração eucarística, renovamos o sacrifício da cruz e ao mesmo tempo, fazemos valer a vontade de nosso Senhor que disse: “Fazei isto em minha memória” (Lc 22,19).

4. O sacerdote é um homem consagrado a Deus para sempre

Em virtude do sacramento da Ordem, o sacerdote é ministro de Cristo, mediador entre Deus e os homens, para elevar o culto a Deus, através da ação de graças.

Os poderes que lhe são outorgados, que nem mesmo os anjos possuem, não são passageiros, mas permanentes. As pessoas que recebem este sacramento recebem um caráter indelével e são sacerdotes para sempre. O caráter distingue o ordenado dos demais fiéis: participa do sacerdócio de Cristo de um modo essencialmente distinto. Junto com o caráter recebe outras graças na consagração sacerdotal para assemelhar-se com Cristo (alter Christi).

Este sacramento só pode ser recebido por homens batizados que reúnam as devidas condições.

5. Ministério dos sacerdotes

Entre os ofícios do ministério dos sacerdotes, destacamos:

a) Pregar a Palavra de Deus. O sacerdote exerce este ministério quando prega a homilia dentro da Missa, ao dar catequese e em múltiplas ocasiões: meditações, retiros, aulas de formação, etc... O presbítero é o homem da Palavra, não é dono, mas servo. Ele é profeta que anuncia, denuncia e ensina as verdades do Evangelho. Neste sentido, ele cumpre sua missão profética no mundo.

b) Administrar os sacramentos e especialmente celebrar a Santa Missa. É aqui que ele cumpre a sua missão sacerdotal, oferecendo sua vida a Deus, como Cristo, pela salvação do mundo. O padre deve ser um homem de fé e exemplo na intimidade com Jesus.

c) Guiar o povo cristão para a santidade. Os sacerdotes têm a missão e o dever de apascentar como bons pastores a grei que lhes foi confiada pelo bispo: com a oração e a mortificação, ajudando-lhes em suas necessidades, acompanhando-lhes nos momentos difíceis e com a insubstituível tarefa da orientação espiritual, para que possam ser tirados os obstáculos que lhes impeçam de receber a graça de Deus. Aqui se cumpre o múnus (serviço) de pastor que zela por todo o rebanho.

 

IDÉIAS REVITALIZANTES:

1. Cristo instituiu os sacerdotes para continuar a sua obra redentora entre os homens, sobretudo oferecer o sagrado sacrifício, perdoar os pecados, pregar a palavra de Deus, e prestar serviços de caridade.

2. Como ensina o Vaticano II: os sacerdotes "vivem com os demais homens como com irmãos" exatamente como Jesus fez (PO 3). Isto significa que os sacerdotes precisam das outras pessoas, como também as outras pessoas precisam deles. Os leigos que trabalham ao lado dos sacerdotes ajudam-nos a liderar a comunidade do povo de Deus.

3. O Bispo recebe a plenitude do sacramento da ordem que o insere no Colégio episcopal e faz dele o chefe visível da Igreja particular que lhe foi confiada. Os Bispos como sucessores dos apóstolos e membros do Colégio, participam da responsabilidade apostólica e da missão de toda a Igreja, sob a autoridade do Papa, sucessor de S. Pedro.

4. Os presbíteros estão unidos aos Bispos na dignidade sacerdotal e ao mesmo tempo dependem deles no exercício de suas funções pastorais; são chamados a serem atentos cooperadores dos Bispos. Formam em torno de seu Bispo o “presbitério”, que com ele é responsável pela Igreja Particular. Recebem do Bispo o encargo de uma comunidade paroquial ou de uma função eclesial determinada.

5. Os diáconos são ministros ordenados para as tarefas de serviço da Igreja. Não recebem o sacerdócio ministerial, mas a ordenação lhes confere funções importantes no ministério da Palavra, do culto divino, do governo pastoral e do serviço da caridade, tarefas que devem cumprir sob a autoridade pastoral do seu Bispo.

 

O SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO:UMA ALIANÇA DE VIDA E DE AMOR

 

O Matrimônio é o sacramento que torna visível o amor de Deus na doação e na comunhão de vida de duas pessoas. Ninguém consegue viver sem a presença e a amizade de outras pessoas.

Ninguém está sozinho. No casamento, essa amizade é repartida entre o marido e a mulher: é repartida entre o casal e os filhos, e com a comunidade onde vivem.

Deus nos fez para a felicidade, não nascemos para viver sozinho, mas sim com uma companhia. Como testemunha o projeto da criação: "o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher e os dois já não serão dois, mas uma só carne" (Gn 2, 24).

O Matrimônio é o sacramento de serviço (junto com a Ordem), porque se constrói na doação total ao outro e à Deus, constituindo com a comunidade a extensa família cristã.

Hoje, o matrimônio também vem sendo banalizado na boca dos que dizem: "Se não der  certo, nos separamos". O matrimônio não pode ser vivido como se fosse algo qualquer, ele é uma instituição sagrada.

O Matrimônio e a Ordem são sacramentos do serviço eclesial: enquanto que a missão do sacerdote é a de direcionar o povo no caminho de Deus, a missão do casal é a direcionar a família no caminho da santidade e do amor fraterno. É através do Matrimônio que nascem as vocações para o serviço na Igreja.

A grande prova da falta de preparo de muitos casais nos dias de hoje, são os inúmeros casamentos que não dão certo. O divórcio é não está nos planos de Deus. Ele é atentado contra a unidade e a indissolubilidade do sacramento do matrimônio.

a) O sacramento do matrimônio: a graça plenifica a natureza

O casamento é fonte de comunhão de amor entre o homem e a mulher. Segundo João Paulo II, “o matrimônio dos batizados torna-se o símbolo real da Nova e Eterna Aliança, selada no Sangue de Cristo. O Espírito, que o Senhor infunde, dá um coração novo e torna o homem e a mulher capazes de se amarem, como Cristo nos amou. O amor conjugal atinge a plenitude para a qual está interiormente ordenado: a caridade conjugal, que é o modo próprio e específico com que os esposos participam e são chamados a viver a mesma caridade de Cristo que Se entrega sobre a Cruz” (FC 13).

Sendo a própria realidade humana do casamento o sinal sacramental do matrimônio, os esposos cristãos, por força do seu batismo, celebram o sacramento, de que são ministros, ao ritmo da vivência da sua união conjugal, vivida na generosidade e na fidelidade. É um sacramento de celebração contínua, o que ajuda os esposos cristãos a dar à sua vida conjugal uma dimensão de celebração e de louvor. A sua vida torna-se liturgia. “O matrimônio cristão, como todos os sacramentos que estão ordenados à santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e a prestar culto a Deus é, em si mesmo, um ato litúrgico de louvor a Deus, em Jesus Cristo e na Igreja:

celebrando-o, os esposos cristãos professam a sua gratidão a Deus pelo dom sublime que lhe foi dado de poder reviver na sua existência conjugal e familiar, o mesmo amor de Deus pelos homens e de Cristo pela sua esposa” (FC 13).

A família, a partir da graça do sacramento, torna-se, realmente, uma “igreja doméstica”. É São Paulo que faz a síntese entre estes dois momentos de um mesmo mistério: “Eis que o homem deixará o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher e os dois formarão uma só carne. Este é um mistério de grande alcance, porque se aplica a Cristo e à Igreja” (Ef. 5,31-32). Isto é possível porque os cônjuges cristãos, antes de serem o corpo um do outro, fazem ambos parte do Corpo de Cristo. São Paulo, afirmando que, com o Seu corpo, Cristo se une à Igreja, pergunta: “E nós, não somos membros do Seu Corpo?” (Ef. 5,29-30).

É por isso que, na vida de um casal cristão, a Eucaristia, enquanto comunhão com Cristo, é um momento tão importante, como a sua própria união conjugal. É o que salienta o magistério da Igreja: “O dever de santificação da família tem a sua primeira raiz no batismo e a sua expressão máxima na Eucaristia, à qual está intimamente ligado o matrimônio cristão. (...) Redescobrir e aprofundar essa relação é absolutamente necessário, se quiserem compreender e viver com maior intensidade as graças e responsabilidades do matrimônio e da família cristã. A Eucaristia é a fonte mesma do matrimônio cristão” (FC 13).

A graça específica do sacramento é o aprofundamento da comunhão conjugal, como autêntica vivência da caridade e participação no amor com que Cristo ama a Igreja. Isto supõe a generosidade do dom, a vitória sobre todas as tentações de egoísmo e de auto-procura, a vivência do próprio corpo como sinal de dom e de comunhão e não como busca de si mesmo. No amor conjugal o próprio prazer é oferecido ao outro, na busca de uma plenitude de comunhão.

Esta graça sacramental ajudará à revelação mútua dos cônjuges, ao respeito pela identidade e dignidade de cada um, à ajuda mútua e fraterna; ensina a perdoar e a acreditar, em cada momento, que o amor é possível, atraídos pela comunhão definitiva no Reino dos Céus.

Outro aspecto da graça própria deste sacramento é a sua fecundidade eclesial. A comunhão verdadeira entre os esposos prolonga-se na construção da comunidade familiar, como autêntica comunhão de vida e de amor e na edificação da Igreja como mistério de comunhão e esposa de Cristo. Há uma fecundidade apostólica no amor conjugal. Mas nisso falaremos no próximo domingo.

 

IDÉIAS PRINCIPAIS:

1. O matrimônio no paraíso terrestre

De modo poético, o livro do Gênesis ensina que Deus concedeu ao ser humano, homem e mulher, o dom de administrar e de dar vida a tudo: “Homem e mulher os criou, e Deus os abençoou dizendo-lhes: Crescei e multiplicai-vos e enchei a terra” (Gn 1,27-28). O matrimônio tem seu sentido porque se abre para a geração da vida e para romper com todo tipo de solidão: “não é bom que o homem esteja só, vou fazer-lhe uma ajuda semelhante a ele” (Gn 2,18).

O matrimônio é algo sagrado por sua mesma natureza, e os esposos são colaboradores de Deus participando do poder divino de transmitir, cuidar e zelar da vida.

2. O matrimônio, sacramento cristão

Elevado à dignidade de sacramento, o matrimônio, entre cristãos, é a imagem da união de Jesus Cristo com sua Igreja.

O matrimônio, tanto na condição de instituição natural como na de sacramento cristão, está revestido de duas propriedades essenciais: a unidade e a indissolubilidade.

Unidade quer dizer que o matrimônio é a união de um só homem com uma única mulher: “Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne” (Gênesis 2,24).

Indissolubilidade quer dizer que o vínculo conjugal não pode desatar-se nunca: “O que Deus uniu o homem não o separe”, diz o evangelho (Mt 19,6; 5,32; Lc 16,18). O divórcio não é da vontade de Deus. Ele deseja a comunhão. E essa comunhão perdura até que morte os separe.

3. Efeitos do sacramento do matrimônio

O sacramento do matrimônio aumenta a graça santificante naqueles que o recebem. É necessário recebê-lo, pois, em estado de graça, estando bem preparado (a).

Também comunica os auxílios especiais que os esposos necessitam para santificar-se dentro do matrimônio, para educar seus filhos e cumprir os deveres que contraem ao casar-se. Estes deveres são para com eles mesmos: amar, respeitar, cuidar, perdoar, guardar a fidelidade e ajudar-se mutuamente.

Os ministros do sacramento sãos os mesmos contraentes (noivo e a noiva). Contudo, deve ser celebrado perante o assistente eclesiástico e testemunhas.

4. O matrimônio, caminho de santidade

O sacramento do matrimônio concede aos esposos as graças necessárias para que se santifiquem e santifiquem os outros. É dever de toda a família – também dos filhos – facilitar este clima humano e cristão, através do qual se consegue que os lares sejam luminosos e alegres, sacrificando-se para se obter as virtudes e os valores cristãos de uma família que começou santificada e que continua recebendo as bênçãos do Senhor.