Ser livre, autêntico e feliz

 

Objetivos

Que os catequizandos compreendam que a verdadeira liberdade está em fazer a vontade e o bem desejado por Deus.

Que os catequizandos possam se comprometer a viverem a verdade de maneira autêntica.

 

Preparação para o encontro

Providencie uma Bíblia, vela e um cartaz com a silhueta de uma pessoa (que significa o ser humano livre). Coloque também as palavras: ser autêntico, verdade, aparência, mentira, feliz, liberdade.

 

Acolhida

Oração inicial: Vinde Espírito Santo

 

Ver

Inicie o encontro com o questionamento: Pare e pense:

Quais as escolhas e atitudes que te faz sentir plenamente livre?

Quais os principais limites que você deve estabelecer para si mesmo?

Como você procura viver o “sim” dos lábios correspondendo ao “sim” do coração?

A história de Pedro pode ajudar a introduzir o assunto. Não se limite a falar do aspecto negativo. Comece falando do sentido positivo da liberdade: todas as coisas boas que podemos fazer, ou seja, os dons de Deus que podemos desfrutar livremente.

Use exemplos como: somos livres para ir e vir, para sorrir, para amar... Temos limites, pois não podemos ir a qualquer lugar, não podemos fazer o que está além de nossas capacidades, devemos dizer sempre a verdade.

 

Conte a história de Pedro, motivando os catequizandos para a seguinte pergunta: O que é liberdade?

Pedro era um adolescente que não se sentia bem consigo mesmo. Ele não sabia como agir, pois seus pais não lhe impunham limites. Um dia Pedro desabafou com seu amigo Gustavo:

- Gustavo, como são seus pais? Eles lhe dizem o que você deve ou não fazer? Eles lhe dão conselhos?

- Ah, Pedro, você nem imagina, cara. Os meus pais são “caretas”. Vivem me “torrando a paciência” com seus conselhos de adultos.

- Cara como eu gostaria de ter pais como os seus. Os meus pouco se importam comigo. Quando quero fazer algo e pergunto a meu pai o que devo fazer, ele me diz: “Isso é problema seu, faça o que quiser”. Minha mãe só pensa em seus problemas e nem se incomoda se chego cedo ou tarde em casa. Posso fazer tudo que quero, mas não sei como fazer aquilo que devo e nem sei o que evitar para fazer o que não devo. Estou perdido. Se algum dia eu morrer, ou for preso, ou ainda me meter em alguma enrascada, acho que nem vão se incomodar. Creio que meus pais não me amam. Tenho tudo para ser livre e fazer o que quiser, mas preciso de pessoas que me apóiem e me orientem na vida.

 

Iluminar

Proponha um trabalho em equipes, dividindo a turma em seis grupos.

Cada grupo pega uma folha de papel, onde deverá estar escrita uma das palavras: olhos, boca, mãos, pés, cabeça, coração.

Desafie-os a identificar a liberdade e os limites para a parte do corpo que o grupo escolheu. Para ajudar, nas folhas podem estar escritas as seguintes frases: “Minha boca é livre para... Minha boca não é livre para...”

Dê alguns exemplos para ajudar o trabalho: Minha boca é livre para elogiar, minha cabeça não é livre para planejar o mal, meus pés são livres para caminhar na rua... Nem todas as frases precisam ter implicações morais, o importante é estabelecer as possibilidades e os limites.

Recolha o trabalho dos grupos pedindo que partilhem o que discutiram, colocando a folha preenchida no cartaz, com a silhueta de uma pessoa, no local correspondente.

A partir da fala dos catequizandos, reflita com eles sobre a liberdade e a importância dos limites, bem como agir sempre na verdade. Mostre como os limites que estabelecemos em nossa vida, bem como a verdade são necessários para a nossa felicidade.

Partilhar as conclusões na turma, concluindo que muitas pessoas vivem da aparência, escondendo o que realmente são, visando ser bem recebidas nos grupos de amizade. Mas ser autênticos naquilo que somos e fazemos faz parte de nossa vida cristã.

 

Agir

Proponha que os catequizandos façam uma lista, contendo exercícios de liberdade e limites e comprometer-se em vivê-los no dia-a-dia.

Liberdade: ser mais livre para ajudar mais minha família, ser mais livre para a oração nesta semana, ser mais livre para dizer a verdade.

Limites: ter limites no gasto do dinheiro, ter limites no temo que gasto com a TV ou internet; ter limites no horário que chega em casa.

 

Celebrar

Combine com dois catequizandos que saiam da sala para se preparar para a dinâmica da oração.

Coloque os catequizandos em círculo, de pé. Um deles deve entrar em silêncio, com olhos vendados, a boca tampada com um pano, as mãos e os pés amarrados. O outro catequizando o conduz ao centro da sala e lê o texto da Bíblia: Jo 8, 31-38.

Pergunte: Quais são as nossas mordaças, vendas, amarras?

Em seguida, convide-os a fazerem as seguintes orações. A cada prece, convide um catequizando para libertar algo no catequizando que está no centro da sala: olhos, boca, mãos, pés...

Senhor, tira as vendas dos nossos olhos, para que possamos olhar as belezas da vida que Tu mesmo fizeste para nós. Que nossos olhos não sejam seduzidos pela cobiça, pelo consumo de todas as coisas que aparecem na televisão.

Senhor, desamarra nossas bocas para que possamos falar a verdade, falar do amor. Abre nossa boca para incentivar, elogiar, orar. Que nossas bocas estejam fechadas para a mentira. Que nossa boca agradeça mais do que reclame.

Senhor, desamarra nossos pés, para que possamos caminhar sempre em teus caminhos. Que nossos pés não nos levem para os caminhos errados da vida.

Senhor, liberta o nosso coração para amar, para alimentar bons sentimentos. Que possamos sempre sonhar com a felicidade da vida. Amém.

 

 


QUEBRANDO A CUCA...

 

Jesus Cristo, absolutamente livre, nos fez participantes de sua libertação, dando-nos o poder de decidir se queremos segui-lo ou não; de sermos parecidos com Ele ou não; de aderirmos a sua proposta de vida ou não. Ele que é plenamente livre, dá razão à nossa existência e enche de luz a nossa vida. Nele somos pessoas responsavelmente livres, especialmente diante das opções entre o bem e o mal. Certos de que, quando enveredamos pelo caminho dos valores do Reino de Deus, tornamo-nos livres. Do contrário, tornamo-nos escravos do mal que construímos. Quanto mais praticarmos o bem, tanto mais nos tornamos livres. Assim, para o cristão, ser livre é buscar fazer a vontade de Deus, como Jesus Cristo.

Porém, ser livre não significa dizer e fazer tudo que passa pela cabeça e o que se deseja (CIC 1740). Quantas vezes nossas vontades são enganadoras! Para evitar as falsas e incompletas experiências de liberdade como é importante sintonizar nossa vontade a vontade de Deus, manifestada, sobretudo, na Bíblia, nos mandamentos, na vida da Igreja, nos acontecimentos de nossa vida. O melhor caminho de construção da liberdade passa por essa busca sincera da verdade. Na verdade trazida por Jesus Cristo vivenciamos a liberdade total (Jo 8, 31-36).

No entanto, se optarmos por nos afastar de Jesus, estaremos sujeitando nossa liberdade a nós mesmos, tornando-nos escravos de nosso egoísmo, escravos do nosso pecado: “todo o homem que se entrega ao pecado é seu escravo” (Jo 8,34), pois somente em Deus nos realizamos enquanto pessoas. Portanto, nossas escolhas e atitudes dependem de nossa união com o Senhor e da nossa co-responsabilidade na vida eclesial. Construindo esse referencial, tudo podemos. Fora disso, perdemo-nos e nada somos. É na força de Jesus Cristo morto e ressuscitado, fiel ao Projeto de Deus, que construímos a vida feliz e verdadeiramente livre. Nele produzimos bons frutos: “Eu sou a videira verdadeira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5).

Deus também nos convida a viver na verdade, a sermos autênticos: “Dizei somente: ’sim’, se é sim; ‘não’, se é não. Tudo o que passa disso provém do maligno” (Mt 5, 37).

“O encontro com Cristo potencializa o dinamismo da razão que, à luz da fé, abre a inteligência para a verdade. Também capacita para o discernimento (DA 280c).

Crescer em Comunhão, Livro do Catequista, Editora Vozes, Vol. IV, pp 28 e 79, 2008

 

MAIS UM POUQUINHO

 

Ao falar de liberdade, é necessário falar de limites, tão necessários aos dias de hoje, pois os limites são naturais: nossa mão não pode agarrar qualquer objeto, nossos olhos não são capazes de enxergar certas distâncias, nossos pés não podem caminhar infinitamente... Há também limites que nós podemos colocar, tendo sempre como referência a vontade de Deus. Assim, podemos escolher o que segurar com nossas mãos, o caminho por onde caminhar com nossos pés, os sentimentos que desejamos alimentar em nosso coração

Os adolescentes consideram-se onipotentes. Por vezes, acham que podem fazer tudo. Na verdade, suas atitudes são um convite para que olhemos para eles e para que coloquemos limites. Nossa sociedade costuma ir para os extremos: ou é liberal demais ou é coerciva (proíbe) demais. Que tal você propor um desafio aos catequizandos sobre construir a liberdade definindo regras claras e coerentes de convivência na catequese e na família?