Quem eu sou? Quem somos nós?

5º Encontro – Quem eu sou? Quem somos nós?

 

 

Objetivos

Possibilitar aos catequizandos fazerem um experiência de auto-conhecimento, ajudando-os a se aceitarem e a gostarem de si mesmos, bem como permitir ao catequista levantar um primeiro perfil do grupo.

 

Preparação para

o encontro

Mesa com toalha, flores, Bíblia, figuras de Jesus com seus discípulos, com jovens. Fotos de jovens e adolescentes participando de encontros, grupos, Missa (os que atendem ao seu chamado). Recortes de papéis de várias cores para que cada um escreva o seu nome, qualidades e defeitos.

 

Acolhida

Oração inicial: Ave Maria

 

Relembrar o encontro passado.

 

Ver

Texto para reflexão em grupo: “A PARÁBOLA DO LEÃO” (ou outro à escolha do catequista)

 

O que o texto nos ensina?

Por que o leão se comportava como outra espécie de animal e não percebia a sua essência, o seu “eu” verdadeiro, como Deus o criou?

O que você acha da ajuda que ele recebeu para se conhecer e se realizar verdadeiramente?

 

Leitura Bíblica

Palavra de Deus: Jo 1, 45 – 51 (e ou ) Isaias 43, 1 – 5:

Em João 1, Jesus diz que “antes que Natanael fosse chamado por Filipe, Ele já o conhecia...” Jesus conhece a cada um de nós, como verdadeiramente somos no mais íntimo do nosso ser.

Em Isaias 43, 1-5, Deus nos diz que nos chama pelo nome, que nos acompanha e nos protege, que antes de nascermos Ele já nos conhecia, desde o ventre materno, pois Ele mesmo nos formou.

Deixar que comentem os textos bíblicos e a ligação com a vida de cada um.

 

Iluminar

Debate:

Como você se vê? (qualidades e defeitos)

Você sente que Deus te criou por amor, que te conhece e te chama pelo seu nome para estar com Ele?

O que você pensa da moda e das propagandas de TV que induzem as pessoas a seguir o que dizem?

Como você responde às orientações de Deus no seu dia a dia?

Assim como na história do leão, Deus quer que você se realize sendo quem é e que seja feliz em sua vida.

Para isso você pode contar com a ajuda de Deus, que te conhece e quer o melhor pra você.

 

Dinâmica:

- Reunir os catequizandos e pedir para que façam um instante de silêncio. Uma música suave poderá auxiliar (deixar a música tocando durante toda a dinâmica).

- Orientar os catequizandos para que procurem olhar para dentro de si mesmos e descobrir a riqueza que trazem a partir da seguinte pergunta: “quem sou eu?” (cerca de 3 min.)

- Em seguida pedir para que novamente se concentrem e reflitam sobre a seguinte questão: como os outros pensam que eu sou? (cerca de 3 min.)

- Deixar mais alguns instantes em silêncio e pedir para que pensem nas qualidades e limitações que possuem.

- Em seguida, pedir para que escrevam no papel: "Eu sou assim" e "Eu quero ser assim", de acordo com as qualidades e limitações descobertas.

- Pode ser feita uma partilha sobre o que foi escrito. Porém, que essa partilha seja espontânea. É fundamental que o catequizando não se sinta forçado a falar. O importante não é a partilha, mas o autoconhecimento que surgirá a partir da dinâmica. Lembre-se de que aquilo que o catequizando escreveu é pessoal e pode não agradá-Io revelar aos outros.

-Após a reflexão cada um diz seu nome e coloca o seu papel na mesa.

 

Agir

Conversar em casa e com os amigos o que eles acham que precisa ser melhor em você.

Reflita sobre o que cada um disser, isso te ajudará a se conhecer melhor.

 

Celebrar

Momento de oração silenciosa, em sala ou na Capela do Santíssimo. Pedir, do fundo do coração, que Jesus mostre a importância de cada um para Ele.

 


 

MAIS UM POUQUINHO

“Deus ama o ser que criou” – Bento XVI, Carta Encíclica “Deus Caritas est”, 2.17.18

Moral da “história do leão que agia como ovelha”: Devemos ter consciência que Deus no criou por amor e que está sempre nos ajudando a alcançar a plenitude do nosso ser. Só buscando ser aquilo que Deus pensou pra cada um de nós seremos realizados e felizes. Sugestão de leitura: “Buscai as coisas do alto” – Pe. Leo – Editora Canção Nova

Crescer em Comunhão – vol.IV – 18ª Edição – pg.9

 

Texto de apoio

A adolescência é um período de profundas mudanças, ocasionadas por inúmeras descobertas: o adolescente aprofunda os conhecimentos sobre seu corpo, sua sexualidade, aprofunda suas convivências sociais, conhece mais o contexto em que vive. Nesse período a pessoa descobre que o mundo é muito mais do que a sua família. Seu amadurecimento físico e psicológico garante maior sensação de segurança para enfrentar de frente a realidade que se lhe abre diante dos olhos (cf. GIL, 2001, p. 53).

Porém, a maior e mais fundamental descoberta que o adolescente faz é "da consciência do seu eu", aprofundando, assim, sua interioridade.

É exatamente por isso que esse período do desenvolvimento humano é profundamente marcado pela crise. Toda descoberta provoca mudança, desinstala e leva ao questionamento: "é assim que se deve ser ou será possível a mudança?"

Nesse momento de incerteza, o adolescente tem a tendência a auto afirmar-se, desabrochando, assim, um maior espírito de independência.

A descoberta do "eu" não se encerra com a adolescência, mas continua por toda a existência da pessoa. Porém, o bom desenvolvimento do restante da vida depende profundamente das descobertas e opções feitas nesse período.

A catequese para os adolescentes deve levar em consideração todas essas transformações e descobertas.

O catequista precisa estar preparado para auxiliar o bom desenvolvimento da personalidade de seus catequizandos, garantindo-lhes a descoberta dos valores cristãos fundamentais para toda a sua vida.

O adolescente terá a tendência a pensar que sempre está com a razão, porém o catequista deverá apresentar os valores e a doutrina cristã sem medo, com muita segurança, sabendo ser franco e direto. Nesse período da vida, o catequizando precisará de referências seguras para poder descobrir-se como pessoa e projetar seu futuro.

É preciso que o catequizando descubra que no seu mais profundo íntimo, Deus faz habitação. O coração humano é o templo mais sublime do Senhor. É na consciência íntima de cada ser humano que Deus escreve sua lei de amor.

Descobri-la é descobrir-se como pessoa. "A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz" (GS 16). Voltar-se para dentro de si é voltar-se para Deus.

Santo Agostinho, bispo de Hipona, que viveu na segunda metade do século IV e primeiros anos do século V de nossa era, nos diz o seguinte: "Para vós, Senhor, a cujos olhos está patente o abismo da consciência humana, que haveria em mim de oculto, ainda que não vos quisesse confessá-lo? Vós poderíeis esconder-me de mim mesmo, mas eu jamais poderia me esconder de vós." (AGOSTINHO, 1990, p. 240).

Deus, porém, não é o juiz severo, pronto a nos tolher, condenando tudo quanto possa haver de imperfeito em nós, mas é o Pai que nos acolhe do jeito que somos, com nossos defeitos e qualidades, e nos ajuda a descobrirmos quem de fato somos.

Diante de Deus podemos ser aquilo que somos, sem medo. Ele nos acolhe e nos ajuda em nosso desenvolvimento pessoal. Diante do Senhor somos plenamente livres para nos descobrirmos e assumirmos nosso eu.

A sociedade, por vezes, com suas pressões, pode diminuir nossa liberdade.

Não é raro perceber certos modismos tanto na mentalidade como nos comportamentos, que, por vezes, impedem-nos de sermos verdadeiramente nós mesmos e nos escravizam. É preciso que nos descubramos diante de Deus, que nos realiza como pessoas e nos faz sermos autênticos com o nosso mais profundo íntimo.

 

Eu tomo posse daquilo que sou

Quem não se ama não sabe amar ninguém

Ser pessoa é antes de tudo ter consciência: “Eu sei quem sou eu. Tenho diante de mim minhas dificuldades, mas eu me aceito!” Conversão é tomar posse daquilo que se é. Por isso, Deus não pode trabalhar com uma pessoa mascarada, que não se aceita.

Não existe cristão se ele não se aceitar do jeito que é. Você é o que é, e a sua conversão passará por aquilo que você é!

Jesus quando viu Maria Madalena fez com que ela voltasse a ver aquilo que ela era, não uma prostituta, mas uma filha de Deus projetada por Ele; não aquilo que a sociedade criou.

Nós caímos muito nos artifícios que nos são apresentados. Nossa vida se ilumina por novidades e gostamos muito do estético. E seguimos aquilo que é diferença, não somos fã da disciplina.

Corremos atrás de coisas e duas semanas depois vemos que realmente aquilo não era tão bom como parecia.

Por que os artistas não permanecem muito tempo casados? É por causa disso. Querem respostas rápidas, românticas, buscam o brilho eterno e acabam desanimando. Então, o outro começa a decidir por nós e ficamos perdidos. Muitas pessoas, ora dão um testemunho de que acreditam em Deus ora, passado um tempo depois, já dizem acreditar em Buda, depois em Maomé, e mais tarde na energia [cósmica]... Não ficam presas a nada.

Cuidado para não seguir somente as vaidades. Somos vaidosos, mas não podemos ser levados pela vaidade. Não invente um personagem, seja aquilo que você é. Seja autêntico, assim você provoca autenticidade nas pessoas a seu redor. Procure ser aquilo que Deus o fez. Se você está correndo atrás de porcaria cuidado para não acabar deixando de ser aquilo que Deus fez de você.

Deus acontece plenamente no nosso coração quando nós nos permitimos ser aquilo que somos. A nossa divindade só acontece na participação.

Não seja aquilo que dizem que você é. Parece estranho, mas não podemos dar aquilo que não temos. Se você não descobrir que você é sagrado, você não vai perceber a sacralidade que o outro é!

Quem não se ama não sabe amar ninguém. É uma pessoa ausente de si mesma. Os amores estragados que passaram minou aquilo que se era. Há pessoas que vemos que não têm amor-próprio; mas nós não temos o direito de perder esse amor.

Tome posse do que você é para depois dar-se ao outro. 

Padre Fábio de Melo.

 

“A PARÁBOLA DO LEÃO”

 

Certa vez, um filhote de leão, perdido e esfomeado, foi encontrado por algumas ovelhas que pastavam na pradaria.

Comovidas com a situação acolheram o leãozinho e passaram a alimentá-lo e a cuidar dele.

Com o tempo o filhote começou a se alimentar de grama e a se portar como ovelha até se tornar um jovem, grande e forte animal.

Um dia, outro leão se acercou do pasto tentando caçar algumas ovelhas.

Alarmadas elas correram a se abrigar no alto da rocha, o mesmo fazendo o leão que estava com elas.

Sem acreditar no que via, o leão caçador se aproximou e disse: “Porque você foge de mim e se abriga junto às ovelhas, sendo um leão?”

- “Eu não sou leão, sou ovelha e, por favor, não nos faça mal”, retrucou este.

- “Como, você uma ovelha? Está enganado, você é um leão. Um caçador igual a mim”.

- “Não, sou uma ovelha. Sempre vivi assim”.

-“Chega, não aguento mais”, disse o outro. “Você é um leão, o rei dos animais, portanto, porte-se como tal”.

Em seguida levou-o a uma imensa poça d’água, próximo de onde estavam. “Olhe a sua imagem. Você é um leão igual a mim”.

Ainda trêmulo, o leão viu a semelhança entre ambos e isto o deixou confuso.

Não sabia quem era. E vendo as ovelhas pulou e foi juntar-se a elas novamente. Inconformado o leão caçador foi embora, sem nem mesmo abater uma caça.

No dia seguinte voltou e vendo a situação se repetir, ele soltou um urro ensurdecedor em sinal de irritação.

Dessa vez cercou o leão amedrontado e disse: “Solte um urro igual a mim. Esse é o sinal do teu poder”.

“Eu só sei balir”, respondeu o apavorado leão.

“Vamos, tente”, disse o primeiro.

Assustado, o leão tomou um fôlego e saiu um berro um pouco mais forte do que o miado de um gato. “Vamos, tente novamente”, repetiu o primeiro. A segunda vez não foi muito melhor.

Enquanto treinavam sem sucesso, uma matilha de lobos se aproximou das ovelhas encurralando-as junto às rochas.

Desesperadas as ovelhas baliram sem cessar, até que seus gritos chegaram aos ouvidos do leão medroso.

Este ao ver à distância o perigo eminente de seus companheiros, enraivecido e desesperado soltou um rugido apavorante que ecoou por toda a pradaria.

Assustados, sem saber do que se tratava, os lobos se puseram a correr atropeladamente em desabalada carreira.

O leão finalmente assumira a sua verdadeira identidade.

Havia vivido por algum tempo como ovelha, mas seu coração era de leão e isso fez ressurgir a sua verdadeira natureza.

Também vocês, são leões por natureza, embora a maioria, amedrontada com a vida, se porte como ovelha.

Mas são leões, e leões sempre hão de ser, pois são vencedores. Portanto assumam a sua verdadeira natureza e com confiança e coragem conquistem o lugar que é seu por direito divino.

A força interior é um legado de Deus a cada ser humano, capaz de superar qualquer obstáculo. Ninguém poderá arrebatar-lhes isso, a não ser vocês mesmos, se insistirem em ser ovelhas.

(Versão livre da história contada pelo monge hinduísta Swami Vivekananda, em conferência pública por ele realizada nos Estados Unidos em 1894).

 

O que o texto nos ensina?

Por que o leão se comportava como outra espécie de animal e não percebia a sua essência, o seu “eu” verdadeiro, como Deus o criou?

O que você acha da ajuda que ele recebeu para se conhecer e se realizar verdadeiramente?

 

Debate:

Como você se vê? (qualidades e defeitos)

Você sente que Deus te criou por amor, que te conhece e te chama pelo seu nome para estar com Ele?

O que você pensa da moda e das propagandas de TV que induzem as pessoas a seguir o que dizem?

Como você responde às orientações de Deus no seu dia a dia?

 

Assim como na história do leão, Deus quer que você se realize sendo quem é e que seja feliz em sua vida.

Para isso você pode contar com a ajuda de Deus, que te conhece e quer o melhor pra você.