Mandamento VIII

A família e a exclusão social

Mandamento VIII- Não levantar falso testemunho

 

Objetivos

Descobrir que a felicidade está no servir e no amor ao próximo, na solidariedade.

Valorizar as diferenças e questionar os preconceitos que estão por trás de muitas agressões à dignidade humana.

Perceber que não há excluídos no Projeto de Deus.

 

Preparação para o encontro

Montar um altar com a bíblia, vela, flores, figuras de pessoas diferentes, excluídas...

Recortes de jornais ou revistas com notícias de exclusão.

 

Acolhida

Oração Inicial: Pai Nosso

 

Ver

A família é a nossa primeira escola. Lá aprendemos a viver em comunhão, a partilhar, a obedecer, a agradecer, a respeitar as nossas diferenças, a dar atenção aos idosos e enfermos. Descobrimos a aceitação uns dos outros e assim formamos a união familiar. Aprendemos também a pedir perdão e a viver os valores humanos, que na maior parte das vezes são valores religiosos: a capacidade de amar, de conhecer a Deus e comunicar-se com ele e com toda a criação.

Aberta à sua comunidade, a família exerce a cidadania na construção de uma sociedade melhor para um mundo cada vez mais desafiador. É na família que se aprende a ter uma liberdade responsável, desenvolvendo espírito crítico, de compromisso, solidariedade e diálogo. É a família que oferece condições mínimas de sobrevivência ao ser humano: moradia, alimentação, saúde, educação, segurança e trabalho.

É a família que ensina que todas as pessoas são imagem e semelhança de Deus. Por mais estranhas que pareçam, por mais esquisitas que sejam, independentes de raça, cor, religião, condição social ou profissão, são filhos e filhas de Deus. Todos fazem parte de uma única família, a família humana.

O fato de termos em comum a dignidade nos faz sermos solidários, isto é, nos faz estarmos ao lado e junto de cada pessoa, lutando com ela, sofrendo com ela, alegrando-nos com ela.

Todas as pessoas têm a mesma dignidade, que não pode ser diminuída ou prejudicada. Na pessoa do outro está Deus, escondido no rosto do enfermo, do marginalizado, do dependente químico, do empobrecido, do criminoso.

 

Mostrar as figuras (das pessoas) e comentar.

 

Dinâmica

Objetivo: Falar das qualidades e defeitos, focando que todas as pessoas tem seus defeitos e qualidades e até você. Não temos o direito de levantar falso testemunho do próximo.

 

Materiais: Pedaço de papel e caneta.

Procedimento: Entregar um pedaço de papel para cada participante e pede que desenhe a mão direita e a mão esquerda. Em cada dedo primeiro da mão direita escrever uma qualidade e na esquerda um defeito. O coordenador da dinâmica dá cerca de 20 minutos para escreverem. Observar o tempo que os participantes demoram a escreverem as qualidades e quanto tempo demora a escrever o defeito. Ao final discutir o que cada um escreveu.

Aplicação: Apresentar que é mais fácil falar de características dos outros do que de nós mesmos e encerra dizendo que todos possuem qualidades e defeitos, porem temos que nos respeitarmos e priorizarmos nossas qualidades.

Você se considera uma pessoa importante? Por quê?

Apesar da importante contribuição que pessoas e povos diferentes dão à beleza da vida, há muitas situações em que as diferenças se tonam motivo de sofrimento. Por exemplo:

- quando a pessoa é humilhada ou desvalorizada. Você certamente já viu gente ser desprezada por causa da cor da pele, por ter uma profissão menos valorizada, por ser da roça, pelo modo de vestir ou de falar...

- quando a diferença é daquelas que não deveriam existir: ninguém deveria ser desamparado, analfabeto, doente sem assistência, sem teto, sem direitos...

- quando a diferença serve de pretexto para considerar alguém inferior. Dignidade humana é de todo mundo, sem exceção.

 

Somos diferentes nos talentos, na profissão, na idade, nos gostos, na aparência, e em muitas coisas mais. Mas precisamos ser iguais nos direitos.

O que eu faço quando encontro uma pessoa que precisa da minha ajuda? Finjo que não vejo ou vou ao encontro dela, sendo solidário?

Tenho consciência de que todas as pessoas têm a mesma dignidade que eu tenho? Eu as valorizo por isso?

No que consiste a discriminação? E por que ela deve ser condenada?

Tem alguém que eu conheço e que precisa de meu auxílio e solidariedade? Como posso ajudá-lo?

Temos algum tipo de preconceito que desvalorize os irmãos?

 

Iluminar

O 8º  Mandamento, nos ensina a ter lealdade e sinceridade. Deus não gosta que a gente faça juramento.
Não devemos jurar.
A nossa conversa deve ser: sim, sim; não, não.
Jesus não gosta da falsidade das pessoas.
No Evangelho, a falsidade e a hipocrisia são as atitudes que Jesus mais condena, porque vêm do orgulho e acabam com a amizade entre as pessoas.
A falsidade prejudica os outros e a nós mesmos.
Um pecado grave é a calúnia.
Caluniar uma pessoa é falar dela coisas sem saber se são a verdade. Mas a gravidade de uma mentira pode levar ao pecado mortal. Ou seja, a mentira é um pecado venial e se torna mortal quanto fere gravemente a virtude da justiça e da caridade.
Jesus também nos pede que nunca julguemos ninguém. Podemos detestar o erro, mas não podemos julgar a pessoa, porque não podemos ver seu coração nem as suas intenções.

A VERDADE DEVE SER A BASE DO RELACIONAMENTO ENTRE AS PESSOAS.

1) – Você conhece o ditado popular: “A mentira tem perna curta”? O que isso quer dizer?

2) – Escreva uma frase sobre a sinceridade.

 

Exame de consciência.

Não mentindo: Falei mal dos outros pelas costas? Fui fiel à verdade ao comentar acontecimentos passados? Exagerei ou inventei qualidades para ganhar um emprego ou subir no emprego? Prejudiquei alguém com minhas palavras? Fiz alguém perder o emprego? Fiz juízo errado das pessoas? Duvidei da honestidade de alguém? Acusei algum mendigo ou pedinte de desonestidade? Revelei faltas ocultas dos outros? Ridicularizei ou humilhei alguém na frente dos outros? Fui fingido? Digo aos outros que sou católico mas não freqüento a Igreja? Caluniei os sacerdotes e religiosas?

 

TEXTOS BÍBLICO DE APOIO

Daniel 13, 1-64 (A fiel Susana)

Provérbios  6. 16 – 19

Exôdo  20,16

Atos 5, 1-11

Salmo 15, 1-3

 

Agir

Sabemos que a mentira prejudica a nós e aos outros. Falar sempre a verdade, mesmo que seja difícil.

 

Celebrar

Rezemos o Salmo 139.

Oração Final:

“Ó Pai, obrigado pela vossa beleza e pela dignidade presentes em cada pessoa. Dai-me sensibilidade de coração para ver, respeitar e promover a vossa presença em cada ser humano, deixando de lado e para sempre o preconceito que oprime e marginaliza e a mentira que escraviza. Amém.”

 


 

O oitavo dos Dez Mandamentos da Lei de Deus- por Pe. Reginaldo Manzotti

O oitavo mandamento da Lei de Deus nos remete ao que está escrito no Antigo Testamento: “Não levantarás falso testemunho contra teu próximo” (Ex 20, 16). E nos faz lembrar também o que Jesus nos diz em Mateus: “Ouvistes ainda o que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos” (Mt 5, 33).
Esse mandamento proíbe mentir e falsear a verdade. Essa proibição moral decorre da vocação que todo o cristão deve ter como testemunho de Deus, que é a verdade. E as ofensas a este mandamento se exprimem por palavras, atos ou omissão.
O ser humano tende, naturalmente, à verdade e essa é a sua base. A essência do ser humano é boa, e tende para o bem. Isso é explicado no Evangelho de Mateus, quando Jesus nos ensina: “Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não. Tudo o que passa além disto vem do Maligno” (Mt 5, 37).
Assim, nos surge a dúvida: existe mentira branca? Ou seja, a mentira que não prejudica ninguém? Eu digo que não! Não existe mentira branca, porque isso é falsear a verdade. “Dizer sim quando é sim; não quando é não”.
Porém, lembremos que ninguém é obrigado a revelar a verdade para quem não tem o direito de conhecê-la. Portanto, não temos a obrigação de dizer a verdade para todo mundo, mas o dever de não mentir. Então, diante de uma pessoa que não tem nada a ver com o assunto, podemos dizer “não, eu não vou contar”.
As pessoas não podem viver em sociedade se não tiverem confiança recíproca, se a verdade não for algo comum. Essa virtude desenvolve a confiança. Por isso, a veracidade do que se fala é importantíssimo, implica em verdade e discrição.
O discípulo de Cristo deve aceitar a viver na verdade e isso é fundamental. Como nos diz São João: “Se dizemos ter comunhão com Ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não seguimos a verdade” (1Jo 1, 6).
Outra passagem foi quando Pilatos, diante de Jesus Cristo, lavou as mãos. Esse ato de lavar as mãos é mentira, uma mentira branca, pois ele não se comprometeu. Ele sabia a verdade, mas teve medo. Claro que o próprio Nosso Senhor disse “a maior culpa está em quem me entregou”. Mas ele foi conivente.
No Evangelho de João, Jesus diz: “Eu vim para dar testemunho da verdade” (Jo 18, 37). O cristão não pode se envergonhar de dar testemunho do Senhor, quando é necessário dar a declaração de fé; quando tem que falar a verdade, pois ela deve ser dita sempre (2 Tm 1, 8). Se somos discípulos, temos que nos configurar a Jesus, pois Ele é a verdade.
Devemos ser livres da mentira, como nos diz São Paulo, na Carta aos Efésios: “Renunciai à mentira. Fale cada um a seu próximo a verdade, pois somos membros uns dos outros. (Ef 4, 25).”
O pai da mentira é o diabo. Foi Jesus quem disse: Vós tendes como pai o diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Quando alguém profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso. O diabo é o pai da mentira. (Jo 8, 44).
Mas o texto de Pedro é mais ilustrativo e nos mostra que a mentira não pode ter espaço, porque como diz São Pedro: “Toda a mentira, toda a forma de hipocrisia, inveja e maledicência deve ser rejeitada por um discípulo de Jesus” (1Pd 2, 1). Por enquanto, encerramos por aqui e na continuação deste artigo, falaremos sobre as ofensas à verdade.

“Não levantarás falso testemunho contra teu próximo” (Ex 20, 16), no Catecismo da Igreja Católica diz: “Um falso testemunho, um perjúrio, acontece quando é emitida publicamente uma palavra contrária à verdade. Isso tem uma gravidade particular. Diante de um tribunal, torna-se um falso testemunho. Quando está sob juramento, trata-se de perjúrio.” (CIC 2476)
O juízo temerário também é um atentado a este mandamento e precisamos combatê-lo. Quando tomamos como verdade algo sem fundamento suficiente e não temos consistência, ou seja, não sabemos se realmente é e assumimos como verdadeiro, sem sustentação, acabamos fazemos juízo temerário da pessoa. Isso é algo extremamente negativo, porque destruímos a imagem de alguém a partir de um juízo não fundamentado.
Devemos sempre lutar contra esse julgamento apressado. Também precisamos tomar cuidado, procurando investigar, se for importante, e cuidar na interpretação daquilo que nos contam, filtrando sempre as informações que nos passam.
A maledicência também está envolvida neste processo, quando alguém, sem uma razão objetivamente válida, fala do defeito do outro, por exemplo, para outra pessoa. Se, por acaso, sabemos algo de alguém e nos dispomos a contar para os outros, sem motivo, isso é maledicência.
Já a calúnia ultrapassa a maledicência, distorce a verdade e prejudica a reputação de uma pessoa. A ironia também. Ela deprecia. Uma pessoa irônica contribui para desmerecer o próximo. A ironia não é uma virtude.
Mas a gravidade de uma mentira pode levar ao pecado mortal. Ou seja, a mentira é um pecado venial e se torna mortal quanto fere gravemente a virtude da justiça e da caridade.
A Igreja pede que a verdade seja vivida principalmente no exercício da autoridade, dos políticos. Ela é muito direta no exercício da autoridade civil: a verdade tem que levar ao bem comum.
A Igreja também coloca esta questão para todos aqueles que trabalham nos meios de comunicação: o dever de buscar a verdade e que ela seja passada de tal forma que forme uma consciência crítica. Busque a veracidade dos fatos. Busque a justiça e a verdade na política, na organização, na comunicação, na imprensa. Busque a verdade que forme o povo de Deus, em bases sociais, lembrando que toda a falta cometida contra verdade exige reparação do autor da mentira e quando se torna impossível reparar um erro publicamente, deve pelo menos fazê-lo secretamente.
A caridade e o respeito à verdade devem ditar a resposta a todo pedido de informação ou de comunicação. O bem e a segurança do outro e o respeito à vida privada são razões suficientes para se calar aquilo que não deve ser conhecido. O dever de evitar o escândalo impõe, muitas vezes, uma estrita descrição. Ninguém é obrigado a revelar a verdade aquém não tem o direito de conhecê-la.
Cito o texto bíblico: “Uma disputa entre orgulhosos faz correr sangue; suas injúrias fazem sofrer os ouvidos” (Eclo 27, 16). Uma linguagem cheia de blasfêmias é horripilante e sua grosseria fará com que não se queiram ouvi-la.
Cada um deve manter a justa reserva da vida privada das pessoas. Toda a pessoa tem o direito da justiça e da caridade, de ter uma boa reputação.

 

NÃO LEVANTAR FALSO TESTEMUNHO !

Ofensas à verdade

- falso testemunho ou perjúrio

- desrespeito a reputação das pessoas

- juizo temerário- admitir como verdadeiro um defeito moral no próximo, sem ter fundamento suficiente.

- maledicência- revelar às pessoas que não sabem, sem razão objetivamente válida, defeitos e faltas de outrem.

- calúnia- prejudicar a reputação do próximo , por palavras contrárias a verdade, dando ocasião a falsos juízos a respeito dele.

- bajulação ou adulação e complacência - encorajar e confirmar o próximo na malícia de seus atos e perversidade de sua conduta por complacência e bajulação ou adulação. A adulação é uma falta grave, quando cúmplice de vícios ou pecados graves. O desejo de prestar serviço a alguém não justifica uma duplicidade de linguagem. A adulação é um pecado venial quando deseja ser somente agradável, evitar um mal, remediar uma necessidade, obter vantagens legítimas.

- jactância ou fanfarronice

- ironia - visa depreciar alguém caricaturando, de modo malévolo, um ou outro aspecto de seu comportamento.

- mentira- consiste em dizer o que é falso com a intenção de enganar. “vós sois do diabo, vosso pai, ... nele não há verdade: quando ele mente, fala do que lhe é próprio, porque é  mentiroso e pai da mentira” (Jo 8,44). A mentira é a ofensa mais direta à verdade.

A gravidade da mentira se mede segundo a natureza da verdade que ela deforma, de acordo com as circunstâncias, as intenções daquele que a comete, os prejuízos sofridos por aqueles que são suas vítimas. Embora a mentira em si seja um pecado venial, torna-se mortal quando fere gravemente as virtudes da justiça e caridade.

A mentira é condenável em sua natureza. É uma profanação da palavra que tem por finalidade comunicar aos outros a verdade conhecida. O propósito deliberado de induzir o próximo em erro por palavras contrárias à verdade constitui uma falta à justiça e à caridade. A culpabilidade é maior quando a intenção de enganar acarreta o risco de conseqüências funestas para aqueles que são desviados da verdade.

 

Outra sugestão de Dinâmica

Material: papel, tesoura e durex.
O 8º mandamento fala da integridade da pessoa, da sua honestidade e da reputação. Esta não é fácil de se recuperar quando se perde. Então a idéia da dinâmica é a seguinte: pede-se que se dividam em grupos e façam um desenho representando uma pessoa. Depois, pedimos pra cada um deles mostrar os desenhos. Em seguida, pedimos para que eles cortem o desenho (em várias partes, como um quebra-cabeça) e mostrem as partes para os demais grupos. Em seguida pedimos para que eles remontem e colem o desenho que fizeram. Em seguida mostrem o resultado para os grupos. Podemos deixar um do lado do outro, no chão, para eles verem o resultado.
Algumas perguntas: ficou idêntico a como era no começo? Ficou mais bonito, mais feio?
Foi fácil remontar? E para não deixar as peças tortas? Foi fácil?
A reflexão vai de encontro com a dignidade e a reputação do outro: quando alguém tem a imagem manchada, é fácil de se recuperar? Quantas vezes não difamamos o outro ou agredimos. Insultamos ou ignoramos. Ferir as pessoas as machuca. E nem sempre essa marca é fácil de recuperar.
________________
Pegamos uma nota de R$ 20,00 lisinha, nova…e ai amassamos e abrimos essa nota…O que aconteceu com a nota? Ela perdeu o valor?? É assim o nosso relacionamento com Deus…podemos ser pisoteados, cuspidos, mas temos um valor infinito aos olhos de Deus.